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Garota de 11 anos encontra fóssil do maior réptil marítimo que já existiu

Ruby e seu pai, Justin, são caçadores de fósseis amadores que, junto de um grupo de pesquisadores, descobriu uma nova espécie de ictiossauro maior que uma baleia azul.

Por Leo Caparroz
21 abr 2024, 14h00

Em maio de 2020, a menina de 11 anos Ruby Reynolds e seu pai, Justin Reynolds, estavam caminhando pela praia de Blue Anchor, ao longo do rio Severn, na Inglaterra. A dupla pai-filha tem o passatempo científico de procurar fósseis, e essa foi mais uma expedição familiar. Naquele dia, eles encontraram um fóssil – mas que parecia diferente dos outros achados.

Era um pedaço de osso fossilizado preso a uma rocha, só que muito maior do que os outros que estavam acostumados a encontrar. Ruby procurou pelo resto da praia e acabou achando um outro pedaço do conjunto.

Os dois levaram os exemplares para casa – o maior deles tinha 20 centímetros de comprimento. A hipótese deles era de que se tratava dos ossos da mandíbula de um ictiossauro, um grande réptil aquático que viveu a 202 milhões de anos atrás. Apesar do nome confundir, ele não era um dinossauro.

Eles não tiraram esse chute do nada: a dupla leu um estudo de 2018 em que cientistas de uma cidade próxima levantavam a hipótese de que aquele local continha pedacinhos de ictiossauros. Contudo, a pesquisa deles não foi para frente porque os exemplares que haviam achado não eram o bastante para designar uma nova espécie.

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Justin Reynolds ligou então para o pesquisador Dean Lomax, da Universidade de Bristol, e para Paul de la Salle, um colecionador amador de fósseis. Juntos, eles conduziram novas escavações na praia de Blue Anchor. A  equipe encontrou mais exemplares fósseis e pode confirmar não só que se tratava da mandíbula de um ictiossauro como também que ela pertencia a uma espécie totalmente nova do bicho.

“Ter dois exemplares do mesmo osso preservados com todas as mesmas características únicas, no mesmo fuso horário geológico, reforçou a identificação que já tínhamos imaginado antes: de que deve ser algo novo”, disse Lomax ao The New York Times. “Foi então que ficou realmente empolgante.”

A nova espécie, nomeada Ichthyotitan severnensis (o peixe lagarto gigante do Severn), foi descrita em um estudo publicado no periódico PLOS One. O pai Justin e a filha Ruby, agora agora com 15, foram coautores do artigo.

As estimativas dos pesquisadores sugerem que o Ichthyotitan poderia ter até 25 metros de comprimento – comparável a (e até maior que) uma baleia azul. Ele seria o maior réptil marinho conhecido até então e teria vivido pouco antes da extinção em massa que encerrou o Período Triássico.

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Para Lomax, a descoberta não só é importante do ponto de vista paleontológico como também destaca a importância de amadores e cidadãos cientistas: “Se você tiver um olhar atento, se tiver paixão por algo assim, poderá fazer descobertas como essa”.

 

Para Ruby Reynolds, a paleontóloga mirim, também se trata de uma demonstração de força dos jovens no meio científico: “Quando encontrei o pedaço de osso de ictiossauro pela primeira vez, não percebi o quão importante ele era e aonde levaria. Acredito que o papel que os jovens podem desempenhar na ciência é aproveitar a jornada de exploração, pois nunca se sabe onde uma descoberta pode te levar.”

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