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Observatório calcula que 2024 será o ano mais quente já registrado

O ano também é o primeiro a superar o limite de 1,5 °C acima dos padrões pré-industriais, combinado pelos países signatários do Acordo de Paris.

Por Eduardo Lima
9 dez 2024, 16h00

Talvez você já imaginasse que leria essa notícia depois de viver um ano que pareceu guardar um verão para cada mês, com ondas de calor intensas e fora de época. Mas agora é oficial: o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia (UE), confirmou que 2024 vai ser o ano mais quente já registrado, e o primeiro com temperatura média 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. E isso é um grande problema.

Os dados de novembro do C3S mostraram que o mês teve temperaturas médias 1,62 °C acima do padrão anterior à revolução industrial, que deu o pontapé nas intensas mudanças antrópicas no clima global. Agora que o observatório tem os dados dos últimos 11 meses, já dá para dizer que a média do ano vai ser 1,6 °C acima do padrão pré-industrial (medido entre 1850 e 1900), superando o recorde de 2023, que foi de 1,48 °C.

Ainda era matematicamente possível evitar o cenário de ano mais quente de todos, se as temperaturas do fim de ano fossem muito mais baixas que os meses anteriores. Agora que novembro passou e isso não aconteceu, é certeza: 2024 quebrou o recorde de ano mais quente já registrado.

Nos 11 meses que se passaram, 2024 foi 0,72 °C mais quente do que a média de temperaturas de 1991 a 2020. E olha que esse mês de novembro nem foi o mais quente da história: 2023 ainda detém esse recorde.

Acordo de Paris foi quebrado?

O Acordo de Paris, que reúne 196 países signatários, é um compromisso para manter as temperaturas mundiais abaixo do limite de 1,5 °C, para tentar limitar o impacto da crise climática. Dos últimos 17 meses, 16 ultrapassaram essa fronteira climática.

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O resultado preocupante de 2024 não quer dizer que o tratado foi para o lixo. Essas mudanças de temperatura são medidas em décadas, e não em anos individuais, para garantir que foram definitivas. Mas ele significa que os países precisam agir urgentemente para combater o aquecimento global.

Essa é a avaliação de Samantha Burgess, a vice-diretora do C3S, que afirmou em um comunicado à imprensa que “ações climáticas ambiciosas são mais urgentes do que nunca”.

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No começo de novembro, Burgess deu uma declaração muito parecida, torcendo para que os dados climáticos pudessem ter impacto nas negociações da COP29, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas que aconteceu no Azerbaijão. Não parece que deu muito certo: os países em desenvolvimento, os cientistas e o secretário-geral da ONU, António Guterres, concordam que o acordo que saiu do evento poderia ter sido mais ambicioso.

Essencial para cumprir a meta do Acordo de Paris é diminuir em 45% as emissões provenientes de combustíveis fósseis até 2030. Mas essa possibilidade parece distante. A COP29 não conseguiu avançar nesse sentido na negociação, e o acordo final do evento nem mencionou explicitamente o abandono dos combustíveis fósseis.

Segundo o Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus, também da UE, um dos principais motivos para o aumento de temperaturas global foram os incêndios florestais, causados por secas extremas. Os casos foram concentrados nas Américas, especialmente na Bolívia, no Canadá e no Brasil, com focos no Pantanal e na Amazônia. Eventos climáticos extremos como esses devem ficar ainda mais frequentes se as “ações climáticas ambiciosas”, que Burgess mencionou, não acontecerem.

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