Os 11 maiores dinossauros já encontrados no Brasil
Organizados do menor para o maior, um breve dicionário dos gigantes nacionais
Há 250 milhões de anos, quando começou o período Triássico e surgiram os primeiros dinossauros, a massa de terra que hoje é chamada pelo ser humano de Brasil não se assemelhava em nada ao nosso país. Para começo de conversa, o litoral atlântico, hoje recortado em um desenho tão característico, não existia: ele estava colado na África (na qual até hoje a América do Sul se encaixa feito uma peça de quebra-cabeça).
O tempo passou, as placas tectônicas fizeram sua dança, os continentes deslizaram para suas posições atuais e alguns dinos inevitavelmente se fossilizaram em nosso território. Alguns foram descobertos aqui mesmo. Outros foram descobertos primeiro em países vizinhos – e só depois encontrados aqui.
De acordo com O guia completo dos dinossauros do Brasil, de Luiz Eduardo Anelli, 23 espécies de dinos foram identificadas no Brasil (A SUPER consultou a edição de 2015). O Atlas Virtual da Pré-História (AVPH), mais atualizado, fala em 25. O número é incerto, pois sempre há dinossauros em processo de identificação, e diferentes critérios podem ser usados para inclui-los ou não na lista.
Alguns poucos ossos preservados são suficientes para os paleontólogos reconstituírem o porte e a aparência desses bichos, que viveram por aqui predominantemente entre 120 milhões e 65 milhões de anos atrás.
Rayosossaurus sp.
Comprimento – 9 m
Altura – não pode ser estabelecida
Descoberto na Ilha do Cajual, Maranhão
Rayosossaurus é o nome de um gênero de dinossauros, cujo maior número de espécies foi encontrado na Argentina. Uma dessas espécies é o Rayosossaurus agrionensis. O Brasil, porém, também tem o seu, que viveu há 110 milhões de anos.
Os fósseis de Rayosossaurus encontrados por aqui eram tão fragmentados que não foi possível especificar a que espécie pertenciam – ou definir se, na verdade, eles pertenciam a uma espécie nova (semelhante, mas não idêntica, aos argentinos). É por que se emprega o termo “sp.” no nome científico.
Apenas 17, das mais de cem vértebras que provavelmente compunham a coluna do indivíduo escavado, foram encontradas. O nome Rayosossaurus faz referência ao local em que o primeiro exemplar argentino foi encontrado: uma formação geológica denominada Rayoso, ao sul de Mendoza.
Trigonosaurus pricei
Comprimento – 9,5 m
Altura – 4 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
O nome desse herbívoro deriva da palavra grega para triângulo: trigónos. É que a espécie foi descoberta em 1947 na região do Triângulo Mineiro, extremo oeste de Minas Gerais – especula-se que seu habitat se estenderia até a Bolívia. Os ossos usados para identificá-lo, que perteciam predominantemente à coluna vertebral, estão no Museu de Ciências da Terra, do Departamento Nacional de Produção Mineral, no Rio de Janeiro.
Amazonsaurus maranhensis
Comprimento – 10 m
Altura – 3 m
Descoberto em Itapecuru-Mirim, no Maranhão
A espécie, com a altura aproximada de um elefante africano, viveu numa época em que as praias do Maranhão estavam a apenas algumas centenas de quilômetros da costa da África – atualmente, a distância é superior a 8 mil quilômetros.
A espécie foi descoberta em 2004 graças a cerca de 100 pequenos fragmentos fósseis, com idade aproximada de 110 milhões de anos. Tudo indica que a carcaça do dinossauro, logo após sua morte, foi levada por um rio que não existe mais – e acabou encalhando em uma planície próxima à foz, onde, ao longo de muito tempo, os ossos foram banhados pelas marés e recobertos por sedimentos. A umidade no sítio paleontológico dificultou o trabalho de escavação e reconstituição do esqueleto.
Ele é importante por ter sido o primeiro representante brasileiro da família Diplodocoidea, que continha dinossauros de pescoço e cauda muito longos.
Baurutitan britoi
Comprimento – 12 m
Altura – 3,5 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
É um dos primeiros dinossauros catalogados no Brasil, em 1957. Não se engane: o nome da espécie não tem nada a ver com a cidade paulista de Bauru. Trata-se de uma referência à região da bacia sedimentar Bauru, que se estende do Paraná até Minas Gerais – e que preservou uma quantidade notável de fósseis de animais pré-históricos (incluindo o Trigonossauro, de que já falamos nos parágrafos anteriores).
Ele viveu há cerca de 70 milhões de anos – no fim do Creatáceo, logo antes da queda do famoso meteoro de Yucatán. A espécie foi reconstituída pelos paleontólogos com base em apenas 18 vértebras articuladas da região da cauda.
Adamantisaurus mezzalirai
Comprimento – 12 m
Altura – 4 m
Descoberto em Flórida Paulista, São Paulo.
Assim como no caso do baurutitan, seus únicos ossos conhecidos são da cauda: mais precisamente, seis vértebras coletadas em 1959 pelo geólogo Sérgio Mezzalira (seu nome científico, Adamantissaurus mezzalirai, homenageia o descobridor).
A nova espécie de dinossauro, porém, só foi identificada em 2006 – 47 anos depois da descoberta –, graças a dois paleontólogos da Unesp que estudaram os fósseis, encontrados por operários de uma ferrovia paulista. Eles estavam armazenados em um pequeno museu no Parque da Água Branca, em São Paulo.
O grandão viveu a 70 milhões de anos, e é possível que sua espécie tenha sido diretamente afetada pela queda do meteoro que pôs fim ao período Cretáceo, há 65 milhões de anos.
Tapuiasaurus macedoi
– 13 m
Altura – 4 m
Descoberto em Coração de Jesus, Minas Gerais
Esse é um dos caçulas da lista: teve o primeiro osso encontrado em 2004, por acaso, numa fazenda mineira. A partir daí, pesquisadores encontraram dezenas de fósseis, incluindo um dos crânios mais completos do mundo. O nome, oficializado em 2011, remete a “tapuia”, termo genérico que costumava ser usado para se referir aos índios que não falavam tupi e viviam no interior do país.
Maxakalisaurus topai
Comprimento – 13 m
Altura – 4 m
Descoberto em Prata, Minas Gerais
Seu nome homenageia os índios da etnia Maxacali, que habitavam a região em que foi encontrado, e o Deus que eles adoravam: Topa. A exploração do sítio arqueológico em que ele estava – um dos vários localizados na já citada bacia sedimentar de Bauru – rendeu 6 toneladas de ossos entre 1998 e 2002. Uma réplica completa do esqueleto do bicho, com ossos feitos de resina, estava exposta no Museu Nacional da UFRJ, e foi destruída pelo incêndio no último domingo (2).
O exemplar encontrado pertencia a um animal jovem, que morreu há 80 milhões de anos. Os ossos tinham marcas de dentes e estavam espalhados pelo sítio arqueológico – sinal de que ele foi morto por predadores para virar almoço, e o que restou de sua carcaça foi pisoteado por manadas.
Gondwanatitan faustoi
Comprimento – entre 8 m e 15 m
Altura – 2,5 m
Descoberto em Álvares Machado, São Paulo
Na época em que essa espécie viveu, havia só dois grandes continentes na Terra. Um deles era Gondwana, cujas terras atualmente representam América do Sul, África, Antártida, Austrália, península Arábica e Índia. Isso contribuiu para que os herbívoros do clado Titanosauria (classificação que engloba a maior parte dos dinossauros desta lista) se espalhassem por todos os continentes – só na Antártida ainda não encontraram um.
O Gondwanatitan faustoi foi encontrado em 1983. Como muitos dos gigantes já citados, viveu há 80 milhões de anos, no final do Cretáceo.
Uberabatitan riberoi
Comprimento – entre 15 m e 19 m
Altura – 4 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
O nome do clado Titanosauria é inspirado nos titãs, gigantes da mitologia grega. E embora os dinossauros nacionais recém-descobertos estejam cada dia maiores, ainda é bom lembrar que titãs como o de Uberaba eram miúdos perto dos seus primos. Enquanto muitos titanossauros superavam os 40 m de comprimento, os brasileiros raramente ultrapassavam 15 m.
Isso não é pouco na escala humana, que fique bem claro: apesar de não ser dos maiores em relação a seus contemporâneos, o riberoi pesava 16 toneladas, três vezes mais que um elefante africano atual. Foram encontrados fósseis três indivíduos, escavados entre 2004 e 2006 – 300 toneladas de rocha foram removidas no processo.
Antarctosaurus brasiliensis
Comprimento – é possível que alcançasse 40 m
Altura – 6 m
Descoberto em São José do Rio Preto, São Paulo
Antarctosaurus significa “lagarto do sul”, e brasiliensis entrou no nome porque duas espécies parecidas já foram encontradas na Argentina – país com 110 espécies de dinossauros catalogadas desde 1887. Ele tinha a cabeça alongada, mas muito pequena, menor que a de um cavalo. Seus dentes eram todos iguais, sem molares que facilitassem a mastigação de vegetais, como os animais herbívoros de hoje.
Uma hipótese bastante provável é que, para triturar folhas suficientes para alimentar seu enorme corpo, os dinos dessa espécie comiam pedras! Depois de engolidos, os “aperitivos” se acomodavam no estômago e ajudavam a processar o rango.
Austroposeidon magnificus
Comprimento – 25 m
Altura – 6 m
Descoberto em Presidente Prudente, São Paulo
O maior dinossauro brasileiro já identificado foi apresentado à comunidade científica em 2016, neste artigo. Como os demais membros da lista, era um pescoçudo herbívoro extra grande. “A descoberta comprova que existiram grandes dinossauros no Brasil”, afirmou ao Terra, na época, o paleontólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional. “Já suspeitávamos disso por conta das descobertas na Argentina, mas agora comprovamos”.
Os ossos dele estavam estavam guardados desde a década de 1950 na reserva técnica do Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro, mas, por falta verba, só foram analisados mais de 60 anos depois.
Fonte: O Guia Completo dos Dinossauros do Brasil, Atlas Virtual da Pré-História (AVPH).