Debora Pivotto
Ser inteligente tem desvantagens: segundo a maioria dos cientistas, o homem é o único animal capaz de acabar com a própria vida intencionalmente. Nas outras espécies, “o que ocorre são tentativas de fuga nas quais o animal corre risco de morte, mas não procura morrer”, diz César Ades, da USP, especialista em comportamento animal. Há quem defenda que golfinhos se afogam em cativeiro e que cachorros jejuam ao perder seu dono, mas há controvérsias.
O interesse pelo suicídio animal é antigo e cercado de mitos. Um dos mais famosos é o de que o escorpião se aplica uma picada suicida ao ser colocado dentro de um círculo de fogo. Na verdade, ele morre desidratado – o escorpião é imune ao próprio veneno.
Mortes incertas
Especula-se, mas ainda não há provas de que animais se matam por querer
SUICÍDIO COLETIVO?
Em 1958, um documentário divulgou que os lemingues, pequenos roedores escandinavos, se jogam de precipícios. Hoje se sabe que era “efeito manada” – se um lemingue desatento e azarado cair de um penhasco, os que vêm atrás pulam junto.
SUICÍDIO LIDÁRIO?
Cientistas se intrigam com cães que param de comer e definham após a morte do dono. “Ainda não sabemos se são reações semelhantes às dos humanos que perdem a razão de viver”, diz César Ades, da USP, especialista em comportamento animal.
SUICÍDIO PROFISSIONAL?
O treinador dos golfinhos de Flipper (1963) afirma que um dos animais da produção afundou no tanque e ficou sem respirar até morrer por não suportar o cativeiro. Para especialistas, o animal buscava fugir do estresse e não tinha noção de que morreria.