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Chimpanzés conversam entre si em uma frequência similar a humana

Pesquisas revelam que chimpanzés selvagens se comunicam através de gestos rápidos e alternados, sugerindo uma ligação evolutiva entre as espécies primatas.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 29 jul 2024, 13h50 - Publicado em 27 jul 2024, 12h01

Que os chimpanzés conversam entre si, isso não é exatamente uma novidade. Porém, o que os pesquisadores descobriram é que essa comunicação acontece em uma frequência similar às nossas conversas humanas.

O estudo foi publicado na revista acadêmica Current Biology, e mostrou que, apesar desses primatas se comunicarem através de gestos e não palavras, eles se engajam em trocas comunicativas rápidas e alternadas, com uma rápida frequência de resposta de um gesto para o outro.

Esses primatas utilizam gestos como movimentos das mãos e expressões faciais para se comunicar de maneira altamente organizada. Só que isso é feito de uma maneira que leva segundos entre o tempo de resposta de um gesto para o outro, algo tão rápido quanto a comunicação humana.

“Em média, há 120 milissegundos entre o fim de um gesto e o início do próximo. Nos humanos, a média é de cerca de 200 milissegundos, então o tempo é realmente próximo”, conta em entrevista à New Scientist, Gal Badihi, pesquisadora da Universidade de St Andrews, no Reino Unido, e uma dos autores do estudo. 

A equipe de pesquisa observou e registrou o comportamento de cinco comunidades de chimpanzés nas florestas de Uganda e Tanzânia, documentando mais de 8.000 gestos de mais de 252 indivíduos. De acordo com os pesquisadores, esses gestos eram utilizados para coordenar o grupo e evitar conflitos entre si.

“Assim, um chimpanzé poderia gesticular para outro que quer comida, e o outro poderia dar comida ou, se sentir menos generoso, responder gesticulando para ele ir embora. Eles poderiam chegar a um acordo sobre como ou onde se cuidar. É fascinante e feito em apenas algumas poucas trocas de gestos”, explica Badihi. 

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Mas claro que nem todos os grupos de chimpanzés analisados se comunicavam na mesma frequência. Os chimpanzés da comunidade Sonso, em Uganda, por exemplo, demoravam um pouco mais para responder aos gestos se comparados a outras comunidades.

Mas de acordo com Cat Hobaiter, pesquisadora da Universidade de St Andrews, e também uma das autoras do estudo, essa variação de frequência é comum até mesmo nas sociedades humanas. 

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“Todos nós levamos cerca de 200 milissegundos entre os turnos e mostramos algumas pequenas variações culturais interessantes. Algumas culturas são falantes rápidos”, explica em entrevista à BBC News.

Um estudo de 2009, por exemplo, mostrou que, em média, falantes de japonês respondem em sete milissegundos, enquanto falantes de dinamarquês levam cerca de 470 milissegundos para intervir em uma conversa. 

Os resultados sugerem que os processos envolvidos na comunicação humana podem ter se desenvolvido muito antes do que se pensava, possivelmente compartilhando raízes comuns com outras espécies de primatas.

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