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Os dentes surgiram com os peixes pré-históricos – mas não da forma que os cientistas pensavam

Novo estudo pode ter derrubado antiga teoria que associava estrutura aos Anatolepis – que nem sequer eram peixes.

Por Eduardo Lima
26 Maio 2025, 16h00

Por muito tempo, a comunidade internacional de paleontólogos achou que os primeiros dentes do mundo pertenceram aos Anatolepis, animais aquáticos que viveram há 500 milhões de anos, entre o fim do período Cambriano e o começo do Ordoviciano.

Os supostos dentes primitivos do Anatolepis não ficavam na boca. Na verdade, eram nódulos sensíveis que ficavam na pele desses animais, usados para detectar qualquer tipo de mudança na água ao redor.

Agora, um grupo de pesquisadores liderados por Yara Haridy, da Universidade de Chicago, descobriu que essa hipótese pode estar equivocada.

O novo estudo, publicado na revista Nature, defende que os primeiros dentes realmente podem ter surgido na pele dos peixes, mas não nos Anatolepis. Primeiro porque os nódulos sensíveis deles não tem nenhuma ligação evolutiva com os dentes dos animais vertebrados. Segundo, porque nem dá para chamar esses bichos pré-históricos de peixes.

Vamos entender melhor a história da evolução do nosso sorriso.

Primeiros dentes ou primeiros cabelos?

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Dentes de verdade só começaram a existir com os animais vertebrados – seres com coluna vertebral, como anfíbios e mamíferos. Alguns invertebrados até têm estruturas parecidas com dentes, mas compostas por tecidos completamente diferentes.

Os dentes como conhecemos – mais ou menos, já que tudo indica que nessa época eles não pareciam com aquilo que temos na boca e sim como espinhos na pele dos animais – só apareceram com os primeiros vertebrados: os peixes. E aí que começa o problema da teoria dos Anatolepis.

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Os Anatolepis surgiram antes dos peixes. Eles tinham um exoesqueleto duro e pontilhado com vários pequenos canais que parecem muito com os túbulos dentinários, parte importante dos nossos dentes. Por causa da semelhança entre esses microcanais, muitos cientistas pensaram que eles eram os ancestrais dos peixes – e, consequentemente, precursores de todos os seres dentuços.

Esses protodentes dos Anatolepis eram chamados de “odontodos”. Usando um acelerador de partículas síncrotron, os pesquisadores da equipe de Haridy conseguiram escanear os fósseis nos mínimos detalhes e descobrir que, de “odonto”, eles não têm nada.

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O novo exame descobriu que os Anatolepis não são vertebrados, e seus túbulos remetem muito mais aos sensillum, órgão sensorial de artrópodes como insetos e aranhas. Eles parecem cabelos pequenos e podem detectar vibrações na corrente de ar, além de ajudar no paladar.

Antes dessa descoberta, os paleontólogos imaginavam que esses túbulos eram similares aos canais microscópicos que atravessam a dentina, a camada amarela e dura debaixo do esmalte branco dos dentes. Esse tecido é sensível a mudanças de temperatura, pressão e acidez e está conectada à polpa, a parte onde ficam os nervos do dente.

Um órgão sensorial duro e externo já era presente nos animais invertebrados, mas não era como os dentes originários que os pesquisadores esperavam. A evolução desses nódulos sensíveis aconteceu de forma independente.

Com a descoberta, as estruturas dentárias mais antigas conhecidas passaram a ser a dos Eriptychius, vertebrados marinhos do período Ordoviciano. Esses dentes que começaram com os Eriptychius também começaram na pele, e passaram para a boca só quando os peixes viraram predadores ativos e precisavam de alguma forma para morder e segurar sua presa.

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Agradeça a esses primeiros peixes – e não aos Anatolepis pelo seu sorriso.

 

 

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