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Parasita aumenta a chance de lobo se tornar líder da matilha

Um estudo com duzentos lobos descobriu que os infectados eram mais ousados do que a média – e indicou que o parasita poderia influenciar ecossistemas inteiros.

Por Luisa Costa
28 nov 2022, 16h46

O Toxoplasma gondii é um parasita comum. Ele infecta quase todos os animais de sangue quente e está presente no organismo de 30% da população mundial. Geralmente não causa sintomas (a não ser em bebês ou pessoas imunodeficientes, onde ele pode provocar uma doença, a toxoplasmose). Ele também é capaz de alterar o comportamento de seus hospedeiros, especialmente ratos. Um novo estudo acaba de verificar esse fenômeno entre lobos do Parque Nacional Yellowstone, nos Estados Unidos.

Lobos infectados com o parasita apresentam um comportamento mais ousado em comparação a lobos saudáveis, de acordo com a investigação liderada por Connor Meyer, da Universidade de Montana. Eles são mais propensos a abandonarem sua matilha original e se tornarem líderes de uma nova.

Os cientistas já sabiam que o Toxoplasma gondii provoca alterações neurológicas em roedores– e influencia seu comportamento. Nesses animais, a infecção está relacionada à diminuição do medo de felinos e aumento do comportamento exploratório. O parasita torna seu hospedeiro imprudente. Isso aumenta a chance do roedor virar comida de gato – e do parasita chegar no organismo do felino, onde consegue se reproduzir sexualmente.

Há outros animais que também perdem o juízo quando estão com o protozoário em seu organismo. Pesquisadores já perceberam que chimpanzés infectados perderam sua aversão à urina de leopardo, e que filhotes de hiena infectados não mantinham uma distância segura de leões. Acredita-se que o parasita também possa provocar alterações de comportamento em humanos, tornando-os mais propensos a comportamentos arriscados. (Saiba mais nesta matéria da Super.)

Então, quando Meyer e seus colegas souberam que havia lobos infectados com o parasita no Yellowstone, decidiram conferir se os animais apresentavam comportamentos diferentes em relação a seus semelhantes. Eles analisaram amostras de sangue de 229 lobos do parque e observaram os animais ao longo de suas vidas.

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A equipe descobriu que os lobos infectados eram 46 vezes mais propensos do que os lobos saudáveis a se tornarem líderes de matilha, e 11 vezes mais propensos a deixar sua matilha original para começar uma nova. Os pesquisadores também perceberam que os lobos infectados se concentravam em áreas com muitos pumas – possivelmente adquiriram o parasita a partir desses animais.

Os pesquisadores acreditam que lobos infectados poderiam até influenciar lobos saudáveis – que imitam o comportamento arriscado do líder da matilha. Assim, o parasita poderia afetar ecossistemas inteiros, cadeiras alimentares e a dispersão dos animais na paisagem. 

O estudo é um dos poucos a investigar o efeito do Toxoplasma gondii sobre seus hospedeiros em ambiente selvagem, e foi publicado na última quinta (24) na revista Communications Biology.

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