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Pela primeira vez, nascem cavalos geneticamente modificados

Empresa argentina utilizou tecnologia CRISPR-Cas9. A modificação deve favorecer características atléticas e fortalecer a saúde dos animais.

Por Bela Lobato
8 jan 2025, 16h00

No mês passado, cinco potrinhos nasceram na Argentina. Propriedade da empresa Kheiron Biotech, os animais são um marco histórico na genética equina: foram os primeiros modificados geneticamente. Segundo os criadores, a tecnologia poderá ser utilizada para melhorar a saúde e prevenir condições genéticas indesejadas nos cavalos, assim como incorporar características desejáveis para animais de corrida.

A empresa, que é comandada por médicos e cientistas argentinos, já havia feito importantes progressos nesse sentido nos últimos anos. Em 2013, a empresa foi a primeira a clonar um pônei utilizado para polo – o esporte em que quatro jogadores, montados a cavalo, tentam marcar gols com uma pequena bola e um longo taco. 

Foto de jogo de Polo no Kentucky Horse Park
Polo é um dos jogos esportes coletivos mais antigos do mundo, tendo surgido por volta do século 6 a.C na região do Irã. (Wikimedia Commons/Reprodução)

Desde então, a empresa se tornou especialista na clonagem equina. Segundo a revista Science, mais de 400 clones de cavalos já foram produzidos.

Em um artigo de 2020, os cientistas da empresa descrevem que a técnica de clonagem “pode ser ainda mais poderosa quando combinada com a edição de genes”, permitindo obter cavalos que tenham “o histórico genético do indivíduo original e novas características desejadas”. Na forma tradicional de cruzamento e seleção de traços de raça, isso poderia levar muitas e muitas gerações, contando com uma boa dose de acaso. Com a edição genética, tudo ocorre “em uma geração e de forma não aleatória.”

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Foi isso que eles passaram a última década tentando fazer: modificar pequenos fragmentos do genoma dos cavalos para selecionar traços desejáveis. No ano passado, os autores publicaram outra descoberta inédita na revista PLOS: eles conseguiram, pela primeira vez, fazer um clone equino do sexo feminino a partir de um indivíduo do sexo masculino. 

Agora, os animais geneticamente modificados foram clonados a partir de uma égua campeã chamada Polo Pureza. “A expectativa é que, nesse grande primeiro passo de inovação, o Polo Pureza adquira características de velocista ou explosão que não tinha e, ao mesmo tempo, mantenha suas outras qualidades.”, disse Alberto Pedro Heguy, dono da égua e campeão nacional de polo, em comunicado.

O novo animal não é considerado um Organismos Geneticamente Modificados (OGM), pois não foi utilizado material genético de outra espécie. Segundo o site da empresa, os seus animais são “idênticos a um que poderia ser obtido naturalmente por meio de cruzamento convencional.”

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“Essa conquista coloca a Argentina na vanguarda global do que poderia ser considerado no futuro um caminho inovador e desafiador de progresso genético de precisão, acelerando a obtenção de melhorias genéticas que hoje são buscadas por mecanismos de tentativa e erro”, acrescenta Daniel Sammartino, presidente da Kheiron, no mesmo comunicado.

A edição utiliza a tecnologia CRISPR/Cas9, que rendeu o Nobel de Química em 2020 às cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna. A técnica foi criada em 2011 e criou espécies de “tesouras”, que conseguem identificar e recortar apenas uma parte específica do DNA. Você pode encontrar uma explicação completa aqui, mas o importante é que a técnica permite alterar precisamente trechos do genoma de qualquer ser vivo.

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Ela já é amplamente utilizada na engenharia genética de plantas, animais e microorganismos. O CRISPR/Cas9 provocou uma verdadeira revolução nos estudos de engenharia genética, e é utilizado por exemplo em pesquisas que buscam a cura para doenças hereditárias. Entretanto, seu uso em humanos ainda é muito polêmico, acendendo discussões sobre ética e eugenia.

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