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Pesquisadores planejam converter suor em antitranspirante natural

Minerais presentes nos fluidos humanos são alternativa para bloquear os dutos de suor e evitar o mau cheiro. Entenda como o mecanismo pode ser aplicado.

Por Carolina Fioratti
18 nov 2020, 18h52

Conforme o suor emerge das glândulas sudoríparas e evapora, o corpo vai se resfriando. Mas se você pensa que esse fluido é o culpado pelo cheirinho desagradável em suas axilas, saiba que a história não é bem essa. Existem bactérias na pele que digerem as proteínas e gorduras do suor, liberando substâncias fedorentas, como o ácido isovalérico.

Há duas maneiras de evitar esse problema: usando desodorante ou antitranspirante. O desodorante mata as bactérias que produzem o mau odor, enquanto o antitranspirante bloqueia os dutos de suor, cortando o mal pela raiz. Neste segundo caso, as empresas utilizam sais de metais na composição do produto, que, ao se misturarem com o suor, criam uma camada de gel que obstrui o duto da glândula sudorípara. Mas pesquisadores do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, nos EUA, perceberam que há outra alternativa para obter um antitranspirante totalmente natural, sem uso de metais – e que pode ser executada pelo corpo humano.

Foi Jonathan Boreyko, um dos autores do estudo publicado na revista científica ACS Applied Materials & Interfaces, que teve essa epifania durante um jogo de squash. Após a partida, ele notou que cristais de sal haviam se formado em sua pele. Então, considerou: ao invés de obstruir os dutos com sais de metal, poderia ser aplicado um material higroscópico (que absorve água) para induzir a evaporação do suor à medida que ele se aproxima da saída do poro. Então, o suor acabaria se desidratando ainda dentro do duto, sobrando apenas os pedacinhos de sal, que formariam um bloqueio semelhante ao criado pelo gel nos antitranspirantes comerciais. 

Com a ideia em mente, os pesquisadores construíram uma “plataforma de suor” artificial para testar alguns cenários. O duto de suor era formado por um microcanal de vidro, enquanto o gás pressurizado copiava a função da glândula sudorípara, empurrando um líquido sintético com os mesmos minerais do suor através do tubinho. 

No primeiro teste, nenhum produto foi colocado próximo ao duto de suor, ou seja, era como se aquela “pessoa” tivesse saído sem passar nada nas axilas. No segundo, foi posicionado próximo ao canal um cubo seco de polímero orgânico. Por fim, colocaram um cubo embebido em propilenoglicol – um composto higroscópico frequentemente usado em cosméticos. Dessa forma, seria possível observar o comportamento do suor sem nenhuma barreira, perto de um objeto regular e perto de um objeto indutor de evaporação.

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Nos dois primeiros cenários, o suor artificial escorria livremente pelo duto, enquanto no terceiro, a hipótese de Bareyko se mostrou correta. Em questão de segundos, o canal estava entupido. Mas a alegria acabou quando aumentaram a pressão sobre o líquido e a barreira não deu conta de segurar – ou seja, o antitranspirante natural idealizado pelos pesquisadores não aguentaria esportes de alta intensidade, por exemplo.

De toda forma, são necessários mais testes, inclusive em humanos, para que a tecnologia possa um dia entrar no mercado. Caso isso ocorra, os cientistas esperam que o aplicador do produto possa ser semelhante aos já existentes ou mesmo um adesivo vestível.

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