Por que alguns cachorros têm medo de fogos de artifício?
Nem todo cão se abala com os ruídos altos e imprevisíveis. Confira algumas variáveis que entram em jogo e descubra o que fazer para acalmar seu cãozinho.
Orelhas abaixadas, respiração ofegante e tremedeira. Alguns cachorros ficam tão perturbados com o barulho de fogos de artifício e tempestades que acabam se escondendo ou saem correndo, para o desespero dos donos.
Nossos amigos de quatro patas ouvem em um espectro de frequência duas vezes maior que os humanos e podem escutar sons quatro vezes mais distantes que nós. Mas a audição aguçada não é sinônimo de sensibilidade: nem todo cão se abala com os ruídos altos e imprevisíveis. Por quê?
Cientistas já descobriram algumas variáveis que estão em jogo. Confira abaixo e, ao fim deste texto, descubra o que pode fazer para (tentar) aliviar o medo do seu cãozinho.
Condicionamento
Filhotes caninos passam por estágios críticos de seu desenvolvimento no início da vida – assim como filhotes humanos. Depois dos três meses de idade, eles começam a desenvolver sua resposta ao medo e a aprender o que é normal e o que é preocupante no mundo que os cerca.
Nessa época, seus cérebros fazem associações que podem influenciar seu comportamento no futuro. Um cachorro que teve experiências ruins e repetidas com sons altos quando filhote tem mais chances de se tornar um adulto medroso.
Um estudo se baseou nisso para testar como associações positivas com os barulhos poderiam aliviar o estresse dos animais. No experimento, os voluntários brincaram com seus cachorros filhotes, deram guloseimas e expressaram emoções positivas sempre que rolava a barulheira de fogos de artifício.
O resultado: estes cães ficaram 70% menos assustados, em média, do que os cães que não receberam esse tratamento.
Raça
O medo pode ser uma combinação entre criação e natureza, porque a raça do cachorro também poderia influenciar a sensibilidade do animal aos barulhos altos. Isso tem a ver, claro, com o passado de raça e como elas foram moldadas – para afugentar pequenas pragas ou se tornar grandes caçadores, por exemplo.
Em um estudo de 2020, o Cairn Terrier apareceu como uma das raças mais medrosas, e o cão de crista chinês como uma das menos medrosas. Cães que nascem do cruzamento de raças também têm mais chance de demonstrarem medo, segundo outro estudo.
Idade
O medo também pode aumentar com a idade dos cães, já que os mais velhos perdem a capacidade de detectar frequências altas. Isso os deixa inseguros, porque a audição fornece pistas importantes para localização e identificação da origem dos barulhos. Por isso, essa deficiência pode tornar as situações de barulho intenso mais estressantes para os cães, já que eles não sabem de onde o som está vindo.
O que fazer
Não existe, claro, uma solução mágica que funciona para todos os cachorros. Mas há uma série de boas práticas. Você pode, por exemplo, tentar isolar seu cão dos barulhos. Deixe-o em um local com um barulho de fundo que ajude a mascarar os fogos de artifício, os sons de trovão ou seja lá o que for.
É importante que o lugar reservado para o animal seja fechado e seguro, para que ele não se machuque caso entre em pânico e tente sair correndo, por exemplo.
A sua presença também é importante – assim como a de pais ou responsáveis para uma criança assustada. Cientistas já demonstraram que, em uma situação ameaçadora, o aumento da frequência cardíaca de cachorros era mais acentuada quando o dono em questão não estava presente.
Também importa a maneira como você encara a situação, porque seu comportamento pode reforçar a ansiedade do cãozinho. Passe tranquilidade e, se possível, distraia o animal com brincadeiras ou alguma guloseima – mas sem forçar a barra. Afinal, o intuito é confortá-lo.