Por que imprimir órgãos no espaço é uma boa ideia
Testes em ambientes sem gravidade podem melhorar o estudo de doenças. Entenda como.
Impressoras 3D têm sido usadas pela medicina para o desenvolvimento de próteses – e, mais recentemente, protótipos de órgãos a partir de células humanas.
O problema é que pedaços vivos obtidos dessa forma podem ter dificuldade de se manter no formato correto. Isso porque as “armações” artificiais que mantêm tecidos unidos colapsam com facilidade. Mas a solução pode estar no espaço.
Conversamos com Utkan Demirci, professor da Universidade de Stanford e líder de um grupo de cientistas russos e americanos que trabalhou na impressão de cartilagem, ossos e uma glândula tireoide a bordo da ISS. Ele explicou as vantagens desse tipo de impressão e o que ela pode representar à ciência.
Qual a diferença entre imprimir órgãos na ISS e na Terra?
A diferença é ter ou não força gravitacional. É muito mais fácil levitar estruturas na ISS porque não tem gravidade, então as células vão se organizando. Células cultivadas no espaço apresentam mudanças em suas proteínas e expressões gênicas porque não precisam de tanto esforço para manter as estruturas em que estão inseridas. É por isso que os astronautas, por exemplo, retornam à Terra com menos massa muscular.
Quais as contribuições que a impressão de órgãos no espaço podem oferecer para a medicina?
Sabemos que algumas células imunológicas e sua eficácia também mudam com a ausência de gravidade. Além disso, as infecções podem se comportar de maneira diferente nesse meio, tal como as bactérias. Podemos aplicar as impressões 3D no estudo de novos medicamentos, por exemplo. Talvez seja possível estudar melhor desde o câncer até doenças infecciosas, como a aids.