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Queimadas podem afetar a qualidade da água por até oito anos depois do fogo

Estudo analisou mais de 100 mil amostras de 500 corpos de água, comparando áreas conservadas com locais que sofreram com incêndios florestais.

Por Eduardo Lima
24 jun 2025, 14h00

As queimadas florestais não são ruins só para a qualidade do ar, mas também pioram a qualidade da água. Um novo estudo organizado por pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, mostrou que as substâncias contaminantes produzidas pelo fogo podem afetar a água dos rios por quase uma década após um incêndio.

Os cientistas do Instituto Cooperativo para Pesquisa em Ciência Ambiental analisaram a qualidade da água em mais de 500 rios e afluentes no oeste dos Estados Unidos. É o primeiro estudo grande que analisa o estado dos corpos de água depois de incêndios florestais.

A pesquisa foi publicada na revista científica Communications Earth & Environment, e mostra que substâncias como carbono orgânico, fósforo, nitrogênio e alguns sedimentos de árvores queimadas são os principais responsáveis por degradar a qualidade da água depois de uma queimada.

Nas análises no oeste dos Estados Unidos, os pesquisadores perceberam que os sedimentos produzidos por incêndios podem piorar a qualidade da água por oito anos depois do incêndio.

Esses dados são importantes para ajudar pessoas que trabalham com abastecimento hídrico para planejar ações de conservação após queimadas.

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Como foi o estudo

Já é senso comum há muito tempo entre os cientistas que as cinzas produzidas por incêndios e a destruição dos solos contribuem para a diminuição da qualidade da água de rios e lagos. Mas pesquisas anteriores sempre foram conduzidas em espaços pequenos, considerando impactos municipais ao invés de continentais.

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Para esse estudo, os cientistas da Universidade do Colorado em Boulder analisaram mais de 100 mil amostras de água de 500 locais. Metade dos sítios examinados eram de bacias hidrográficas que sofreram com queimadas, e metade eram áreas que não sentiram os efeitos do fogo.

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Além de medir os níveis de substâncias como fósforo e nitrogênio, os pesquisadores também analisaram a turbidez (falta de transparência causada por materiais suspensos no fluido) de cada amostra.

A partir desses dados, os cientistas construíram modelos para estimar a diferença de níveis de contaminantes antes e depois das queimadas, e compararam a quantidade de substâncias indesejadas nas áreas que sofreram com o fogo e nos locais intocados pelas chamas.

Os resultados mostraram que os corpos de água levam mais tempo para se recuperar de incêndios florestais do que estudos prévios costumavam sugerir.

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Os níveis de carbono orgânico, fósforo e turbidez são particularmente elevados nos primeiros cinco anos depois da queimada, enquanto o nitrogênio e os sedimentos continuam em níveis altos até oito anos depois do fogo.

A situação da água era pior em áreas mais florestadas, onde mais sedimentos são produzidos pela devastação do fogo. Às vezes os contaminantes demoram para chegar até os rios porque precisam ser transportados por alguma tempestade grande o suficiente, então o impacto de uma queimada num corpo de água pode começar a ser sentido anos depois do incêndio.

O estudo percebeu que os impactos são diferentes em cada caso, dependendo da distância do incêndio para o rio e dos tipos de solo e vegetação na região.

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Por isso, é difícil instituir normas universais para cuidar dos recursos hídricos depois de uma queimada. Dados como os levantados por esse estudo podem ajudar a planejar o que fazer em cada caso de poluição.

Para o Brasil, estudos como esse podem ser muito importantes para proteger a nossa maior bacia hidrográfica. A Bacia Amazônica se estende por mais da metade do território brasileiro, e seus rios e afluentes sofrem constantemente com queimadas nos arredores: em 2024, 58% da área queimada no país pegou fogo na Amazônia.

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