Rússia pretende enviar espaçonave de propulsão nuclear para Júpiter
Plano da Roscosmos, a agência espacial do país, é lançar nave com um reator pequeno, capaz de gerar o equivalente a 500 kilowatts de energia
A Roscosmos, agência espacial russa, anunciou que está planejando enviar seu rebocador espacial – veículo que transporta equipamentos e espaçonaves – em uma missão interplanetária em 2030. E o módulo de transporte e energia dessa espaçonave, chamado de Zeus, é de propulsão nuclear.
O plano é que a missão dure 50 meses e que o rebocador se aproxime da Lua, em um primeiro momento. Pretende-se que ele deixe uma espaçonave por lá e, depois, siga em direção a Vênus, fazendo uma “manobra” usando a gravidade desse planeta para mudar sua rota, dirigindo-se a Júpiter. A ideia é que, fazendo esse caminho, o propulsor da espaçonave seja melhor conservado.
Segundo Alexander Bloshenko, diretor executivo de programas de longo prazo e ciência da Roscosmos, a agência espacial e a Academia Russa de Ciências estão trabalhando em conjunto para fazer os cálculos necessários sobre a trajetória do voo e a quantidade de peso que o rebocador poderá carregar. Os pesquisadores russos começaram a desenvolver o Zeus em 2010, tendo fabricado e testado um protótipo em 2018. Ele possui um mini reator capaz de gerar o equivalente a 500 kW de energia.
Segundo a agência de notícias russa Sputnik, a Rússia planeja desenvolver uma estação espacial alimentada por energia nuclear – abandonando a Estação Espacial Internacional, que divide com Estados Unidos, Japão, Europa e Canadá, até 2025, segundo a BBC News.
As vantagens da energia nuclear
Atualmente a maioria das espaçonaves obtém energia a partir do sol, de baterias ou de radioisótopos – átomos instáveis, que, nesse caso, também podem ser chamados de “baterias nucleares”.
A energia solar é bastante utilizada como fonte de combustível e também pode carregar baterias em uma espaçonave, mas pode se tornar menos eficaz à medida que a espaçonave se afasta do sol. Enquanto isso, baterias de lítio podem ser utilizadas para missões mais curtas, e os radioisótopos também cumprem seu papel, mas nada disso se compara à energia nuclear.
Levar um reator a bordo é uma vantagem para as espaçonaves, porque, assim, elas podem explorar regiões mais distantes, frias e escuras do Sistema Solar; realizar longas missões e impulsionar outras espaçonaves mais facilmente.
Também é uma tecnologia capaz de encurtar a duração das missões. Por exemplo, segundo estimativas da Nasa, espaçonaves movidas a energia solar ou gravidade podem levar mais de três anos para fazer uma viagem de ida e volta a Marte. Enquanto isso, uma espaçonave movida a energia nuclear poderia ser um ano mais rápida. O problema dessa fonte de energia é que ela é delicada e seu uso é complexo, ainda mais no espaço.