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Ter uma boa noite de sono deixa você menos medroso

Nada como uma noite bem dormida para lhe ajudar a superar experiências traumáticas. Foi o que mostrou um novo estudo norte-americano

Por Guilherme Eler
Atualizado em 26 out 2017, 18h39 - Publicado em 26 out 2017, 18h39

A ansiedade que surge na véspera de uma data importante pode fazer você dormir menos, ou então comprometer a qualidade do seu sono. Não precisa ficar chateado com seu cérebro: é um mecanismo que ele encontra para fazer você pensar mais sobre a situação ameaçadora — e, quem sabe, se preparar melhor para enfrentá-la.

O resultado, porém, acaba sendo o inverso. Dormir mal pode só aumentar seu medo de que tudo vai dar errado. É o que indica uma nova pesquisa da Universidade Rutgers, nos EUA: mais do que recarregar as baterias para o dia seguinte, uma noite bem dormida pode servir também para colocar uma pedra em experiências traumáticas.

Para chegar a essa ideia, os pesquisadores realizaram um experimento com 17 pessoas. Durante uma semana, elas tiveram seu tempo no colchão monitorado, graças a ajuda de ferramentas como um capacete para medir suas ondas cerebrais e um gadget que servia para acompanhar os movimentos dos braços — além da boa e velha planilha de controle, onde as cobaias tinham que anotar o total de horas dormidas.

O que mais interessava os pesquisadores era o tempo em que os voluntários passavam na fase REM (sigla em inglês para Movimento Rápido do Olhos), momento do sono em que mais estamos relaxados e experienciamos os sonhos. É nessa etapa, também, que a atividade do cérebro mais se aproxima da registrada quando estamos despertos. Cada participante registrou uma média normal de sono, entre 7 e 8 horas, com duas horas de fase REM.

Os pesquisadores, então, partiram para a segunda etapa, que consistia em induzir certo medo nas cobaias. Funcionava assim: cada um dos voluntários via uma sequência de imagens de quartos iluminados com cores diferentes. Quando olhavam para a foto com determinada cor (vermelho, por exemplo), eles tomavam um choque leve no dedo. Isso fez com que eles se tornassem receosos em relação a certas cores, que passaram a ser associadas com as incômodas descargas elétricas.

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O resultado observado a partir da reação das cobaias, claro, favoreceu os dorminhocos. Quem dormia mais e melhor mostrou menor atividade em áreas do cérebro como a amígdala, região que controla o medo, além do córtex pré-frontal ventromedial e do hipocampo, responsáveis por fixar as memórias. Isso significa que os descansados estavam sendo menos afetados pelas experiências traumáticas — ou seja, se tornaram mais resilientes aos choques.

De acordo com os cientistas, a explicação está na presença de uma substância que só o sono saudável é capaz de fazer nosso corpo liberar naturalmente. Por contar com doses mais altas de norepinefrina, hormônio que regula aspectos como o humor e ansiedade, quem dormia bem conseguia passar ileso pela provocação chocante dos cientistas.

O estudo foi publicado no The Journal of Neuroscience.

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