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Tumor raro que afeta humanos até hoje é encontrado em fóssil de dinossauro

A HCL é uma doença rara que aparece principalmente em crianças. E, segundo um novo estudo, também atacava dinossauros.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 19 fev 2020, 18h19 - Publicado em 19 fev 2020, 18h02

Um fóssil de dinossauro com pelo menos 66 milhões de anos, encontrado na região de Alberta, no Canadá, revelou uma surpresa inesperada: o animal provavelmente tinha um tipo de tumor que até hoje se manifesta nos seres humanos. O fóssil em questão é de um hadrossauro, um tipo de dinossauro herbívoro com até 10 metros de altura que era muito comum entre 66 e 80 milhões de anos atrás.

Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, notaram estranhas cavidades nos ossos da cauda do animal. A equipe comparou as lesões com as encontradas em ossos humanos e chegou a conclusão de que elas eram muito parecidas com as de pessoas diagnosticadas com Histiocitose de células de Langerhans (HCL).

A HCL é uma doença rara, caracterizada pelo aparecimento de tumores dolorosos nos ossos ou outros órgãos e que afeta, principalmente, crianças com até 10 anos. Algumas vezes é caracterizada como um tipo de câncer, pois é consequência de um crescimento anormal de células, mas isso não é consenso porque, na maioria dos casos, os tumores desaparecem sozinhos, sem necessidade de tratamento.

Em entrevista à CNN, a pesquisadora Hila May, responsável pelo estudo, explicou que diagnosticar doenças em fósseis é uma tarefa complicada porque condições diferentes podem resultar em marcas parecidas, dificultando um veredito preciso. “A HCL, no entanto, tem uma aparência distinta que se encaixa com lesões encontradas no hadrossauro”, disse.

Análises de tomografia computadorizada recriaram o tumor do dinossauro em um modelo 3D, incluindo os vasos sanguíneos em sua volta, o que permitiu mostrar que, de fato, as lesões em seus ossos muito provavelmente foram causadas por essa doença específica. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.

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(Assaf Ehrenreich/Sackler Faculty of Medicine/Tel Aviv University/Divulgação)

É a primeira vez que a doença é encontrada em um dinossauro, mas estudos anteriores já haviam identificado outras doenças, como artrose, nesses animais. O campo de estudo que pesquisa doenças através de restos de animais ou de humanos se chama paleopatologia e vem crescendo nos últimos tempos. Entender como doenças se manifestam em diferentes animais – e diferentes épocas – pode ajudar a medicina a desenvolver melhores tratamentos, por exemplo.

“Quando sabemos que uma doença não depende da espécie ou do tempo, isso significa que o mecanismo que incentiva o seu desenvolvimento não é algo específico do comportamento ou do ambiente humanos, mas sim que é um problema da fisiologia básica do organismo”, explicou May.

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