Vídeo registra dança inusitada de fêmeas de gibão para chamar atenção
A hipótese é que elas usam os passos para chamar a atenção de machos, outras fêmeas e até de humanos. Assista.
Imagine que você é um cuidador de macacos gibão e, numa tarde qualquer, observa que alguns dos símios começaram a dançar.
E não é qualquer dança: as fêmeas desses animais mais pareciam robôs. Uma coreografia digna de desenho animado. Confira no vídeo abaixo:
Foi essa história que desencadeou uma recente pesquisa, disponível em versão pré-print no site bioRxvi (ou seja, ainda não passou pela revisão por outros cientistas). O objetivo do estudo era investigar o comportamento “artístico” das fêmeas de gibão.
O resultado? Como você deve imaginar, as danças robóticas parecem ser uma forma de chamar a atenção dos que estão ao redor.
Bailarinos profissionais, claro, não são novidade no mundo animal. Diversas espécies de pássaros criam rotinas dramáticas para conquistar um par. Aranhas e insetos também já foram vistos montando danças de sedução.
Acontece que, na maioria dos casos, as coreografias são realizadas por machos. Desta vez, chamou a atenção o fato de serem fêmeas de gibão.
O trio de estudiosos – a zoologista Camille Coye, o primatologista Kai Caspar e a professora de linguística Pritty Patel-Grosz, do Instituto Jean Nicod, da Universidade Heinrich Heine e da Universidade de Oslo – observou que apenas as fêmeas realizavam essas danças, sempre de costas para o observador.
Curiosamente, as danças não pareciam ter um propósito evidente, como a atração de um parceiro. As fêmeas dançavam para macacos tanto machos quanto para outras fêmeas, além de ocasionalmente se apresentarem para outros animais, incluindo humanos.
Durante a performance, elas às vezes olhavam por cima do ombro, verificando se estavam sendo observadas. Tudo isso em completo silêncio.
A pesquisa começou quando os cuidadores desses animais observaram que as fêmeas estavam se apresentando de maneiras que nunca tinham sido observadas até então. A partir desse ponto, os cientistas analisaram gravações de câmeras que acompanhavam a rotina dos animais, que resultavam em coreografias espontâneas.
Dentre os “passos de dança”. vale destacar os agachamentos, quase em um ritmo de breaking, com elementos extremamente próximos ou iguais aos encontrados na dança humana.
O estilo era consistente entre as dançarinas, embora houvesse variações na duração e na complexidade dos movimentos. As fêmeas de quatro diferentes espécies de gibões foram registradas realizando as coreografias.
Embora os pesquisadores não tenham conseguido identificar a razão específica para essas danças, eles sugerem que elas possam estar relacionadas a interações sociais ou à antecipação de eventos, como a hora da alimentação.
Quem são os gibões?
São primatas da família Hylobatidae, que fazem parte da super-família Hominoidea, junto com os hominídeos. Esses animais habitam florestas tropicais e subtropicais na Índia, Indonésia e na República Popular da China.
Com alturas variando entre 45 e 90 cm, os gibões têm braços que podem alcançar até 70 cm de comprimento. Sua estrutura óssea é bastante similar à humana.
Os gibões se diferenciam dos hominídeos, como chimpanzés e gorilas, por serem menores, exibirem baixo dimorfismo sexual (ou seja, diferenças no corpo de machos e fêmeas) e não construírem ninhos. Frequentemente formam pares monogâmicos de longo prazo e se destacam pela braquiação, seu modo principal de locomoção, que envolve balançar-se de galho em galho a distâncias de até 15 metros e a velocidades de até 55 km/h. São considerados os mamíferos não voadores mais rápidos que vivem nas árvores.