Youtuber pode ter feito o 1º registro de um tubarão branco recém-nascido
Embora essa espécie seja comum nos oceanos do mundo todo e célebre pelo filme de Spielberg, seus filhotes ainda são um mistério.
Ainda que os tubarões brancos sejam uma espécie encontrada nos oceanos de todo o planeta, pouco se sabe sobre a sua prole. Descrições científicas de recém-nascidos da espécie são escassas e, até onde se sabe, nenhum nascimento jamais foi filmado ou fotografado.
Agora, um cineasta de vida selvagem pode ter dado um passo importante para preencher essa lacuna: ele afirma ter registrado um filhote de tubarão branco recém-nascido, com substâncias do interior do corpo da mãe ainda presas em seu corpo.
(Esses tubarões são ovivíparos, ou seja: se desenvolvem em ovos, mas ovos permanecem dentro do corpo da mãe e eclodem em seu interior. Para quem vê de fora, parece coisa de mamífero, mas não há uma placenta ou um cordão umbilical.)
Em seus vídeos no YouTube, Carlos Gauna mostra, principalmente, tubarões brancos. Seu canal, TheMalibuArtist, tem mais de 200 mil inscritos e cerca de 150 vídeos sobre vida marinha selvagem, com foco nos tubarões. As imagens são feitas de cima, com a ajuda de um drone que voa sobre o mar.
No dia 9 de julho de 2023, ele e Phillip Sternes, pesquisador da Universidade da Califórnia em Riverside, estavam gravando na costa californiana, perto da cidade de Santa Bárbara.
A dupla percebeu algo inusitado: um tubarão inteiramente branco com 1,5 metro de comprimento – para referência, os tubarões-brancos costumam ter entre 3,5 a 4 metros de comprimento, no caso dos machos, e 4 a 5 metros, no caso das fêmeas. Além disso, apesar do nome, esses animais são acinzentados em cima. Apenas sua região inferior é branca.
Gauna aproximou seu drone para revelar mais detalhes do indivíduo. O tubarão pequeno, descrito como quase albino, parecia ter uma camada branca descascando por cima de sua pele. Seu formato também não era usual: as barbatanas eram mais arredondadas do que o normal; algo comum em embriões e recém-nascidos.
“Eu estava tipo, ‘oh meu Deus, isso pode ser um recém-nascido’”, conta Gauna para a BBC News. “Nós dois ficamos muito emocionados naquela hora. Foi um momento e tanto.”
Os dois publicaram suas descobertas no periódico científico Environmental Biology of Fishes.
Apesar da empolgação da dupla, em seu artigo, eles também mencionam a possibilidade de se tratar de uma problema de pele afligindo o bebê tubarão.
“Propomos duas possibilidades para a interessante cor pálida deste tubarão: a película esbranquiçada é remanescente de substâncias intrauterinas por ser um tubarão recém-nascido, ou ela é devida a uma doença de pele desconhecida em tubarões brancos e que não foi registrada em publicações”, escrevem.
Se essa segunda opção for o caso, ainda é uma descoberta importante; porém, diferente.