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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A volta do “carro voador”

Muito antes dos modernos eVTOLs, Santos Dumont inventou o Demoiselle, uma engenhoca de 110 quilos que ele usava para visitar os amigos. Saiba como ela funcionava.

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Atualizado em 26 out 2022, 18h02 - Publicado em 19 ago 2022, 10h00

Carros voadores não são novidade. Santos Dumont tinha um em 1909: o Demoiselle – um aviãozinho com o comprimento de carro e peso de libélula (que é o outro significado da palavra demoiselle). Eram só 110 quilos, basicamente nada para algo equipado com um motor. E tudo numa estrutura tão mirrada que o piloto não se sentava no avião. Vestia o avião.

Dumont usava o Demoiselle como carro mesmo: costumava voar para a casa de amigos, pousando nos jardins das mansões deles para tomar um chá. A primeira viagem foi um trajeto de 8 km nos arredores de Paris – algo como ir do centro de São Paulo ao Tatuapé, na Zona Leste; ou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, até Copacabana. Em cinco minutos.

Claro: “carro voador” é uma figura de linguagem. Estamos falando das origens da aviação, uma aventura da humanidade que começou no século 19, teve seu marco principal em 1903, com o voo dos irmãos Wright, e chegava ao final da primeira década do século 20 em vias de se tornar uma indústria, graças ao trabalho de pioneiros como Dumont, Bleriot (discípulo do brasileiro) e Roland Garros (que aprendeu a voar num Demoiselle).

Só que essa indústria nasceu igual à dos automóveis. O próprio Demoiselle passou a ser vendido ao público por uma montadora de carros, a francesa Clément-Bayard. Tinha preço de carro também (7,5 mil francos em 1909 – o equivalente a R$ 210 mil de hoje). E você nem precisava de um brevê de piloto para “dirigir”, pois tais licenças não existiam – seriam criadas pelo aeroclube da França só um ano depois, em 1910.

Não parou por aí. Como o jornalista Salvador Nogueira contou nesta mesma Super, em 2006: “O fervor do Demoiselle logo tomaria de assalto a terra dos irmãos Wright. Em 1910, a revista Popular Mechanics publicou as plantas do projeto nos EUA. ‘Milhares de pessoas estão interessadas no assunto do vôo aéreo (…). É com grande satisfação que tornamos acessíveis os desenhos de trabalho do maravilhoso aeroplano inventado pelo senhor Santos Dumont’, escreveu o editor da publicação. ‘Ele é melhor que qualquer outro jamais construído para os que quiserem obter resultados com um custo baixo e o mínimo de experiência.’ Vários fabricantes, então, passaram a construir versões do aparelho”.

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Corta para 2022. O mundo da aviação agora passa por um momento equivalente àquele do início do século 20. Temos uma corrida global entre pioneiros de uma nova tecnologia: a dos eVTOLs – basicamente drones gigantes que podem fazer dos deslocamentos aéreos de curta distância algo tão barato e cotidiano quanto uma corrida de Uber.

Ou seja: algo mais parecido com um “carro voador”, ou com o Demoiselle de Dumont, do que aquilo que os aviões e helicópteros se tornaram.

Tudo com uma coincidência agradável. Da mesma forma que Santos Dumont foi um dos protagonistas daquela era, também temos mentes brasileiras na linha de frente dessa nova revolução: o pessoal da Embraer, que desenvolve a passos firmes sua versão de eVTOL. Veja melhor na reportagem de Alexandre Carvalho. E tenha um bom voo.

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