Israel e Palestina: 3 mil anos de tensão
Filisteus, israelitas, assírios, babilônios, romanos, bizantinos, muçulmanos... Uma breve história dos conflitos entre diversos povos pelo controle da região.
“Palestina” vem de “Filístia” – terra dos filisteus, um povo que se estabeleceu por volta de 1100 a.C. na costa leste do Mediterrâneo, onde hoje fica o litoral de Israel e a Faixa de Gaza. Quem batizou foram historiadores da Grécia Antiga.
“Israel” é um nome que vem da Bíblia. De acordo com o Velho Testamento, trata-se da alcunha que Jacó, um dos patriarcas do Livro Sagrado, recebeu após ter lutado contra um anjo, e prevalecido. Significa “aquele que luta [isra] com Deus [el]”.
Também por volta de 1100 a.C., tribos de pastores que viviam onde hoje fica o interior de Israel e a Cisjordânia desenvolveram uma cultura unificada, que daria origem ao judaísmo. Uma cultura forjada pelos conflitos territoriais da Idade do Ferro, em grande parte contra os filisteus.
Golias, o gigante armado até a medula que o menino Davi derrota com uma pedrada na mitologia bíblica, é filisteu. Os captores de Sansão, uma espécie de Incrível Hulk bíblico, também, como diz Juízes 16:21: “Os filisteus furaram seus olhos. Então o levaram para Gaza e o prenderam com correntes de bronze. E o puseram para trabalhar na prisão, virando um moinho”.
Pela cronologia bíblica, a cultura israelita viveu seu auge entre 1020 a.C. e 930 a.C., quando todas as tribos que se consideravam descendentes de Jacó formaram o Reino de Israel. Depois disso, veio uma cisão: a parte sul do território, centralizada na cidade mais importante, Jerusalém, tornou-se independente, dando origem ao Reino de Judá – daí o nome da religião.
Em 722 a.C., a parte norte foi arrasada pelo Império Assírio. Em 586 a.C., Judá caiu nas mãos de outro império, o Babilônio – mesmo destino dos filisteus. A cultura da Filístia deixou de existir aí. A da Judeia, não: algumas décadas depois da invasão, os judeus foram autorizados a retomar o controle de Jerusalém. E por lá ficaram até o século 2. Mas aí o império da vez, o Romano, decidiu expulsá-los definitivamente – além de renomear Judeia e arredores com o nome grego, Palestina, para cortar o vínculo entre o lugar e a população judaica.
Com o fim de Roma, no século 5, a região ficou nas mãos dos herdeiros dos césares, os bizantinos. Mas por pouco tempo. Em 637, os árabes tomaram o controle da Palestina. O islamismo ainda estava em seus primeiros dias – Maomé tinha morrido apenas cinco anos antes. Por fazer parte da infância do islã, Jerusalém se tornaria uma cidade sagrada também para os muçulmanos.
A Palestina chegaria ao século 20 sob controle islâmico – como parte do Império Otomano. O lugar se tornaria uma colônia britânica após a Primeira Guerra. Com o crescimento do antissemitismo na Europa (que culminaria no Holocausto), comunidades judaicas foram estabelecendo-se em sua terra santa. E em 1947 fundaram o Estado de Israel. Faltava combinar com os árabes, que formavam 70% da população.
E ainda falta. O plano original, da ONU, era que os árabes também tivessem seu país ali, a Palestina. Isso nunca aconteceu. E agora, com a escalada do terrorismo do Hamas, a solução de dois Estados parece ainda menos viável. Mesmo assim, ela ainda é a única com potencial para trazer uma paz duradoura. Que venha algum dia.