Você já conheceu alguém que o fez pensar “Nascemos para ser melhores amigos”? O primeiro encontro de vocês é mágico, os gostos e a personalidade da pessoa têm tudo a ver com os seus, a conexão é tanta que um consegue terminar a frase do outro. Vocês trocam contatos, prometem se encontrar muitas vezes e… nunca mais se falam. Ou trocam poucas mensagens depois disso, quase sempre tentando combinar um encontro que ambos sabem que nunca vai acontecer (e estão ok com isso).
Aparentemente, conforme vamos ficando mais velhos, histórias como essa começam a ser cada vez mais comuns. O que pode ser estranho, já que ainda temos uma boa quantidade de pessoas novas entrando na nossa vida graças ao trabalho, nossos filhos, viagens e outras vivências que se acumulam. E elas podem virar nossas amigas, mas é raro que se tornem realmente próximas como os amigos que conhecemos no colégio ou na faculdade – aqueles para quem pensamos em ligar em um momento de crise ou chamar para uma cerveja em uma tarde de tédio.
“À medida que as condições externas mudam, fica mais difícil atender às três condições que sociólogos – ainda nos anos 1950 – consideram crucial para fazer amigos íntimos: proximidade; interações repetidas e não planejadas; e um cenário que incentiva as pessoas a baixarem a guarda e confiarem uns nos outros. É por isso que tantas pessoas conhecem seus amigos de toda a vida na faculdade”, diz o escritor Alex Williams em um artigo no The New York Times.
O texto – publicado em julho de 2012 – reflete sobre “Por que é tão difícil fazer amigos quando você tem mais de 30 anos”, como diz o título em tradução livre. Segundo Williams, à medida que as pessoas vão ficando mais velhas, os dias de exploração e liberdade social intensa naturalmente vão ficando para trás. “Os horários vão ficando apertados, as prioridades mudam e as pessoas muitas vezes se tornam mais seletivas no que desejam em seus amigos”.
Estudos têm apoiado essa afirmação. A pesquisadora Laura L. Carstensen, professora de psicologia e diretora do Centro de Longevidade de Stanford, na Califórnia, observou que as pessoas passavam a interagir com menos gente à medida que chegavam à meia-idade. Por outro lado, tendiam a se aproximar dos amigos que já tinham.
A interação com desconhecidos e “semiconhecidos” diminui porque, segundo ela, nós temos um despertador interno que apita em eventos importantes, como fazer 30 anos. Essas coisas nos lembram de que nosso tempo de vida está diminuindo, então precisamos parar de explorar o mundo por aí e nos concentrar no que é mais emocionalmente importante aqui e agora. É por isso que deixamos de ver graça em baladas e preferimos passar o tempo com a família, por exemplo.
E muitas vezes a ficha de que não temos mais tantos amigos assim só cai quando rola algum grande evento na vida, como um divórcio – o tipo de acontecimento que nos faz precisar do apoio de outros.
A consequência dessa percepção muitas vezes é a queda no nível de exigência para o tipo de relação que queremos manter. Quando somos jovens, nossa definição do que é uma amizade verdadeira é mais rigorosa, diz um dos personagens do texto de Williams. “Minhas ideias de amizade foram construídas por filmes como O Poderoso Chefão. Seus amigos eram seus irmãos, e qualquer coisa, exceto a total lealdade a todo custo, significava excomunhão. À medida que envelhecemos, vemos que esse modelo é irreal”, diz ele.
Assim, alguns reduzem suas expectativas e procuram pessoas para preencher necessidades muito específicas – há o amigo de ir a bares, o amigo para conversar sobre livros ou música, o amigo para compartilhar experiências criando filhos e o amigo para fazer companhia em atividades físicas, por exemplo.
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