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Como os pássaros não caem do poleiro enquanto dormem?

O segredo está em um fenômeno chamado “mecanismo automático de empoleiramento”. Entenda.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 6 set 2024, 10h28 - Publicado em 13 abr 2022, 16h29

Algumas aves conseguem “travar” as garras nos troncos das árvores graças a adaptações nos músculos das pernas. Quando as articulações do tornozelo e joelho estão flexionadas (ou seja, quando o pássaro está agachado), os dedos do pé também ficam firmes em torno do galho. Os pés não conseguem abrir enquanto as pernas não ficarem retas novamente. Desde que o pássaro esteja de cócoras, ele pode dormir tranquilo.

E o interessante é que essas aves não gastam energia para tensionar os músculos. É tudo mecânico, como um sistema de engrenagens. Esse mecanismo também é útil para capturar presas: os animais preparam o bote com a perna estendida e as garras abertas. Depois, se agarram ao almoço flexionando as articulações. Isso torna a pegada tão firme que é difícil para a presa se desvencilhar.

Esse fenômeno é chamado “mecanismo automático de empoleiramento”, e já foi descrito em diversas espécies passeriformes. Em 2012, no entanto, pesquisadores descobriram que o estorninho-comum não usa esse mecanismo ao dormir. Quando anestesiados, eles não conseguem se equilibrar no poleiro.

Além disso, o equilíbrio das aves é bem desenvolvido. “O cerebelo nas aves é particularmente avançado em comparação a outros grupos. Isso permite a elas um equilíbrio, seja em vôo ou pousadas, muito refinado”, diz Thiago Vernaschi, professor da Universidade Federal de Itajubá.

Os pássaros não são os únicos que têm um jeito estranho de dormir. Um estudo australiano recente analisou a taxa metabólica de uma espécie de tubarão chamada Cephaloscyllium isabellum, mostrando que eles dormem de olho aberto.

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Uma pesquisa brasileira descobriu que os polvos possuem duas fases do sono, assim como os humanos. Eles mudam de cor durante a fase mais ativa, sugerindo que eles têm uma experiência semelhante ao sonho – embora os pesquisadores não saibam exatamente como ela se manifesta.

A respiração dos golfinhos não é automática, como a nossa. Eles precisam controlar ativamente a respiração, além de ficarem alertas para possíveis predadores ao seu redor. Por isso, não dá para “desligar” totalmente o cérebro. Enquanto um lado do cérebro está dormindo, o outro permanece ativo, o que é chamado de “sono unihemisférico”. Além disso, os golfinhos fecham apenas um olho durante o sono.

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Fonte: Artigos “The digital tendon locking mechanism of the avian foot”, “Energy conservation characterizes sleep in sharks”, “Cyclic alternation of quiet and active sleep states in the octopus”; Thiago Vernaschi, professor da Universidade Federal de Itajubá.

Pergunta de joao_hen_, via Instagram

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