Sim. Existe um limite para todas as modalidades do atletismo. É dificílimo calculá-lo na prática por causa do número de variáveis envolvidas. Mas é evidente que ele passa tanto pelas leis da física quanto pelos limites fisiológicos de um corpo humano – mesmo que o corpo humano em questão seja excepcional, com características inatas que permitam ao atleta um desempenho muito acima da média.
Embora haja uma enorme variabilidade de genótipos e fenótipos entre seres humanos, essas flutuações se dão dentro de certos limites viáveis. A pessoa mais alta que já existiu tinha 2,75 m e morreu aos 22 anos. Sua glândula pituitária era hipertrofiada e produzia quantidades cavalares de HGH, o hormônio do crescimento. Com frequência, esse gigante, chamado Robert Wadlow, não sentia as pernas ou os pés. Corpos que se desviam demais da média da espécie quase inevitavelmente sofrerão com certos problemas de saúde.
A moral da história é: em um dado momento, a chance de que nasça um esportista diferenciado o suficiente para quebrar um certo recorde se tornará tão pequena que, na prática, será nula. Esse esportista precisaria ter um corpo diferente demais das variações normalmente verificadas na nossa espécie. Diferente além de certos limites plausíveis.
É claro que treino, tecnologia e avanços nas ciências da saúde são importantes: os atletas atuais têm desempenhos melhores que os dos passado porque têm acesso a uma nutrição mais adequada às necessidades de cada esporte, roupas e sapatos mais eficazes e confortáveis, rotinas de treino regradas, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas mais bem preparados etc. E nem falamos no futuro, que promete possibilidades como edição de genes.
Porém, todos esses avanços na educação física não se traduzem em um milagre na horas das provas. Quando colocamos os recordes de qualquer modalidade em um gráfico, nota-se que eles vêm sendo superados por margens de tempo cada vez menores ao longo do século 20. A redução dessas margens forma uma curva que, matematicamente, tende a um limite chamado assíntota. Calcula-se por meio de vários métodos que o recorde dos 100 m, por exemplo, nunca ficará abaixo de algo entre 9,5 s e 9 s (o recorde atual é de 9,58 s, de Usain Bolt).
Pergunta de @veiguinhaboy, via Instagram