Por que o gentílico de Salvador é soteropolitano e não algo como “salvadorense”?
Entenda a origem do gentílico cunhado no século 19
Soteros significa “salvador” em grego. O sufixo “politano” deriva de polis, que é “cidade”. Não se sabe por que optou-se pelo gentílico helênico em vez do intuitivo “salvadorense”. Segundo Deonísio da Silva, autor do livro De Onde Vêm as Palavras, não há outra explicação que não seja “esnobação erudita”.
“Soteropolitano” foi cunhado em 1817, pelo padre e geógrafo português Manuel Aires de Casal. A palavra apareceu pela primeira vez no livro Corografia Brasílica.
Também é comum que algumas cidades tenham dois gentílicos: um formado naturalmente, pelo uso diário, e outro artificialmente, com palavras derivadas do grego ou do latim.
É o caso do “ludovicense”, que designa quem nasceu em São Luís, no Maranhão. O termo deriva do latim Ludovicus, que posteriormente deu origem ao aportuguesado “Luís”. No entanto, o gentílico “são-luisense” também é aceito.
Em alguns casos, a forma erudita é a mais usual. Você nunca ouviu falar de nenhum “rio-de-janeirense”. “Fluminense”, o gentílico para quem nasceu no estado do Rio de Janeiro, é latim puro. Flumen significa “rio” em latim – uma referência geograficamente imprecisa para a Baía da Guanabara.
Vale lembrar que o termo “salvadorense” é o gentílico de quem nasceu em Salvador das Missões, no Rio Grande do Sul. E “são-luizense”, o de São Luiz Gonzaga, no mesmo estado.
Pergunta de @rodriguesjeferson, via Instagram
Fontes: Deonísio da Silva, autor do livro De Onde Vêm as Palavras; Cláudio Moreno, doutor em Letras, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; dicionário Houaiss