Por que os navios de guerra são cinza claro?
Por que é a camuflagem mais versátil: não é perfeita em quase nenhuma situação, mas é boa o suficiente para a maior parte delas.
Para um observador usando binóculos na praia, em um dia ensolarado, um navio azul da cor do céu talvez sumisse contra a cor do horizonte.
Mas a realidade da guerra é mais lúgubre: neblina, garoa, chuva e águas acinzentadas são mais comuns, e a cor também precisa ser discreta à noite.
Também há o problema de que aviões, submarinos e defesas litorâneas verão o navio contra fundos diferentes, e que o resultado final também varia conforme a posição do atacante em relação ao sol. Por fim, a manutenção tem que ser fácil: idealmente, toda a frota precisa ser da mesmíssima cor.
Em um manual de 1953 – que já foi liberado por ser antigo –, a Marinha dos EUA explica exatamente quais cinzas são mais eficazes contra cada ameaça, em várias condições de luminosidade, e conclui que dois tons – chamados “cinza névoa” (haze gray) e “cinza oceano” (ocean gray) – são as alternativas mais versáteis. O haze gray é o tom usado até hoje.
Essa cinza sem sal também é interessante porque reduz o contraste entre as partes do próprio navio (quando o objetivo é sumir, luz e sombra são tão importantes quanto cor: toda farda tem manchas pretas, porque há sombras entre as flores e galhos da floresta).
Já existiram navios com esquemas de cor mais exóticos: na época em que os torpedos andavam em linha reta – e precisavam ser disparados na direção em que o alvo estaria no futuro –, várias marinhas usaram formas geométricas pretas e brancas para quebrar os contornos do casco e impedir os adversários de calcular a trajetória e a velocidade da embarcação. Com o advento dos torpedos guiados, esse estilão op art caiu em desuso.
Você pode ler mais sobre esse e outros tipos de camuflagem disruptiva na nossa matéria sobre a história da camuflagem, aqui no link.
Fonte: documento “Ship Concealment Camouflage Instructions” (1953) da Marinha dos EUA.
Pergunta de saraivasony19, via e-mail.