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Por que os pelos sabem que precisam parar de crescer – mas o cabelo, não?

Cada tipo de pelo sofreu pressões diferentes da seleção natural até chegar ao tamanho que tem – a configuração atual não é coincidência.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 09h34 - Publicado em 10 mar 2021, 13h01

Cada tipo de pelo é programado geneticamente para crescer até um certo comprimento. Até aí, não tem segredo. A estrutura responsável por fazer crescer um fio se chama folículo piloso. O folículo passa por um ciclo de três fases: 1. Anágena, quando o pelo está crescendo; 2. Catágena, quando o fio se degrada e cai; 3. Telógena, quando ele descansa para reiniciar o processo. Os folículos da cabeça passam anos na fase anágena. Já os da perna ou do braço, no máximo algumas semanas. 

Os bastidores bioquímicos dessa programação não são totalmente conhecidos, mas há pistas. Por exemplo: as regiões lisas das patinhas de coelhos mostram altas concentrações da proteína codificada pelo gene DKK2, que boicota a sinalização para o crescimento de fios. As palmas das nossas mãos provavelmente são lisas graças a um gene equivalente. Se a proteína DKK2 sai de cena, os pelos crescem normalmente.

O pulo do gato é saber as razões evolutivas disso. Nas mãos e pés é fácil: ficaria difícil ter atrito com objetos ou com o chão se nós (ou outros mamíferos) fôssemos cabeludos nessas regiões. Já os pelos do corpo provavelmente encurtaram quando nossos ancestrais saíram da mata fechada para as savanas. Com pouca sombra e Sol a pino, o casaco natural atrapalhava o refresco propiciado pela evaporação do suor. Além disso, uma pelagem fofinha pode se tornar lar de parasitas (ainda que proteja contra outros – em última instância, o saldo final provavelmente é um empate).

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O cabelo também conta com algumas explicações. Ele serve como um chapéu natural, é claro, que protege a região mais frágil e importante do corpo tanto do calor quanto do frio. Ele também pode ter tido alguma função importante na seleção sexual: do mesmo jeito que pavões são chamativos para atrair fêmeas, o cabelo humano pode ter sido um sinal de saúde e fertilidade considerado importante para escolher “conjes” (alô, Sérgio Moro?) na Pré-História. Originalmente, todos os cabelos eram crespos – pelos lisos só surgiram depois, conforme o sapiens saiu da África e penetrou na Ásia.

Pergunta de @bia_biaf, via Instagram.

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