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Qual é a religião mais antiga?

Entre as grandes religiões atuais, o hinduísmo provavelmente é o campeão. É mais difícil responder essa questão se estivermos falando dos primeiros humanos.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 jul 2023, 09h38 - Publicado em 21 jul 2023, 12h45

Das grandes religiões que existem hoje – organizadas em torno de templos, textos sagrados, mitos de criação, sacerdotes etc. –, a mais antiga provavelmente é o hinduísmo, seguido por cerca de 1,3 bilhão de pessoas (15% da população mundial). Os primeiros textos sagrados datam de 1500 a.C., o que os torna 500 anos mais velhos que os trechos mais ancestrais do Velho Testamento.

Não dá para determinar uma data de fundação porque o hinduísmo é uma religião descentralizada. Ela não tem um só livro fundamental como o Corão, a Bíblia ou a Torá, não tem uma autoridade máxima como o Papa, e não tem profetas como Jesus ou Maomé. Existem seis vertentes (ou escolas, ou correntes) de fé e filosofia hindu, que surgiram em momentos diferentes da história. “Hinduísmo” é só um termo guarda-chuva para abranger essa pluralidade. Existem hindus monoteístas, politeístas e até ateus. 

 

É possível ser hindu e não acreditar na existência de deuses porque o hinduísmo é algo um maior que uma religião: é algo que se denomina dharma, uma palavra que não tem uma boa tradução em português. Pense nas prescrições de cada escola do hinduísmo como um conjunto de regras, direitos e deveres que mantêm a sociedade coesa e funcional – que guia o estilo de vida dos cidadãos. 

É muito mais difícil responder essa pergunta se usarmos uma acepção mais ampla da palavra “religião” e tentarmos explicar como era a fé dos primeiros seres humanos que acreditaram em alguma coisa, já que isso aconteceu dezenas de milhares de anos antes da invenção da escrita, inclusive entre outras espécies (é praticamente certo que Neandertais e Denisovanos já tinham crenças sobrenaturais). 

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O caminho mais plausível para respondê-la é estudar a fé de povos caçadores-coletores atuais que têm formas de organização social e política extremamente simples, parecidas com o que os antropólogos imaginam ser o estado dos primeiros seres humanos. É o caso, por exemplo, de alguns indígenas da Papua-Nova Guiné, isolados completamente do resto do mundo até o século 20. 

Em geral, esses povos têm crenças animistas, ou seja: não acreditam em divindades, mas atribuem intenções aos objetos e seres vivos ao nosso redor (mais ou menos como você quando xinga uma cadeira ao chutá-la: adoramos imaginar que os móveis estão conspirando contra nós).

O animismo não separa o mundo físico do espiritual como fazem as religiões organizadas: nessa concepção, a natureza ao nosso redor é senciente, árvores e animais têm espíritos e até algumas palavras são capazes de provocar ou evitar fenômenos – algo que está nas origens do que hoje se denomina magia, no sentido Harry Potter da coisa.

Pergunta de @joao_hen_, via Instagram.

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