Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Supernovas

Por redação Super Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog não é mais atualizado. Mas fique à vontade para ler o conteúdo por aqui!
Continua após publicidade

De quantos Steves você precisa para provar que Darwin está certo?

Nenhum. Mesmo assim, uma instituição dos EUA fez uma lista com 1,4 mil Steves cientistas – uma tirada bem humorada para combater o criacionismo

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 set 2024, 15h02 - Publicado em 1 dez 2017, 18h39

A maior piada interna da história da ciência atende pelo nome de Steve.

E, embora seja uma piada, ela diz muito sobre como é difícil combater os pseudocientistas (a saber, grupos como os terraplanistas e as companhias de água e esgoto britânicas – que andam usando o princípio dos tabuleiros de Ouija para encontrar canos furados).

A história começa assim: em um belo dia de 1994, um grupo de criacionistas – pessoas que acreditam que Deus criou girafas, hipopótamos e pessoas em sete dias – se uniram em uma associação chamada Answers in Genesis (em português, “Respostas no Gênesis”).

A AiG foi pioneira de uma moda que se espalhou rapidamente nos círculos pseudocientíficos: criar listas com os nomes de “cientistas que discordam de Darwin” ou de “cientistas que não acreditam na teoria da evolução”, em uma tentativa de provar para o grande público que a seleção natural não é um consenso entre pesquisadores – e que o primeiro livro da Bíblia, portanto, teria uma chance no meio acadêmico.

Desde então, até os setores que discordam do aquecimento global pegaram carona na ideia e fizeram suas próprias listas de dissidentes. O problema delas (além do fato de que só uma parcela pequena dos signatários é mesmo cientista) é que, para a ciência, a quantidade de pessoas que acreditam em algo tem muito pouco a ver com a possibilidade de que esse algo seja verdade. Experimentos e observações são bem mais importantes que votações, e fatos provados continuam sendo verdade mesmo que você não acredite neles.

Continua após a publicidade

Não preciso nem dizer, porém, que o parágrafo acima não convence ninguém. Muitas instituições de ensino e pesquisa, a título de provocação, foram (e ainda são) convidadas por AiGs e afins a fazer suas próprias listas de apoiadores da teoria de Darwin. E um desses convites chegou no Centro Nacional para Educação Científica (NCSE), que resolveu reagir com… ele mesmo, o projeto Steve.

“Nós poderíamos fazer isso [montar uma lista], mas resistimos. Nós não queremos levar o público a acreditar que questões científicas são decididas com base em quem tem a maior lista de cientistas”, afirma o site oficial da instituição. A solução foi pegar o nome de um dos maiores biólogos evolucionistas da história – Stephen Jay Gould – e ver quantos xarás fãs de Darwin ele tem.

(Aqui é necessária uma explicação. Steven, Stephen, Stephanie etc. são todos variações do mesmo nome: Steve. Um nome muito popular, diga-se de passagem: 1,14 milhão de cidadãos norte-americanos se chamam Steven – para não falar nos 788 mil Stephens, 607 mil Stephanies e 358 mil Steves).

Continua após a publicidade

O número subiu rápido: em um mês havia 220 Steves e cia. Hoje, já são 1,41 mil – você pode ver a lista completa aqui. Como 1% da população norte-americana se chama Steve, é só fazer as contas para descobrir que há no mínimo 141 mil cientistas no mesmo time que Darwin. Bem mais do que os 840 da lista de opositores do Instituto Discovery – uma das maiores que há por aí. Para não falar no fato de que, desses 840, só 258 tem qualificação acadêmica (um mestrado ou doutorado na área) para comentar o assunto.

Mas eu já estou fazendo contas para provar uma teoria por votação – exatamente o oposto do que a NCSE queria. Melhor parar por aqui.

Vou deixar vocês com uma tirinha que um Steve muito legal, o Steven Pinker, de Harvard, colocou em um de seus livros sobre cérebro e linguística. Diante de uma prateleira cheia de Steves, o personagem principal não tem a menor dúvida: “Se ele se chama Steve, ele deve saber do que está falando”.

De quantos Steves você precisa para provar que Darwin está certo?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.