A avenida dos vulcões
Cotopaxi, Andes, Equador. Ainda ativo, o vulcão é o ponto de partida para um assustador desfile de montanhas cuspidoras de lava
Um colchão de nuvens abaixo dos pés. Ao lado, a cratera de 800 metros de largura solta fumaça. No horizonte, outros vulcões, entre eles o gigante Chimborazo. Eis a vista do cume do Cotopaxi, 5.897 metros e o segundo vulcão ativo mais alto do mundo. Lá de cima, nos Andes Setentrionais, dá para se ter ideia da quantidade de vulcões que cortam o Equador, país pouco maior que o Estado de São Paulo: em quase 500 quilômetros, mais de 80 vulcões, um a cada seis quilômetros. A Avenida dos Vulcões é um cenário único, fruto da sobreposição das placas tectônicas Sul-Americana e Nasca.
Chegar ao cume é um costume tradicional equatoriano. Até o presidente, Rafael Correa, já o fez. A caminhada começa a cerca de 4.600 metros de altitude. É o ponto máximo aonde o carro chega. Depois, subida, com pouco oxigênio, até o refúgio. De lá, aventureiros passam a noite para seguir rumo à escalada, que começa antes do dia nascer. Acima dos 5 mil metros, a neve. Após oito horas de caminhada, o topo, a cratera, as nuvens – e a Avenida.
A vista compensa a subida. No pé do Cotopaxi, a água do degelo criou a lagoa Limpiopungo, por onde passeiam aves e cavalos selvagens. Ela dá cor a esse ambiente de vegetação rasteira e seca. No corpo do vulcão, o solo mescla o vermelho-lava com tons mais escuros de marrom. As pedras que o Cotopaxi cuspiu ou derrubou na última grande erupção estão por lá. Em 26 de junho de 1877, o vulcão mudou a paisagem da capital, Quito: cobriu-a com uma chuva de cinzas e antecipou o fim do dia. A próxima erupção deve acontecer em 50 anos. Até lá, a paisagem ao redor permanece mais inspiradora, e menos assustadora.
QUANDO – De dezembro a fevereiro tem menos vento e céu mais azul. Ah, evite ir durante uma erupção.
Foto: Wikimediacomons/cotopaxi