A casa dos Budas destruídos
Vale de Bamian, Afeganistão: a região das estátuas gigantes explodidas em 2001 esconde lagos azuis e até uma pista de esqui.
Nos anos 70, hippies que cruzavam a Europa rumo à Índia atravessavam o vale entre as cordilheiras Hindu-Kush e Koh-e Baba, no Afeganistão, e lá ficavam admirando as duas mais altas estátuas do Buda no mundo. Cravadas numa montanha de arenito há 17 séculos, os Budas de Bamian tinham 35 e 53 metros de altura. Mas a história foi implacável com o país. Hoje, sua maior atração turística é, justamente, a ausência das estátuas, demolidas em 2001 pelo Taliban, que havia proibido imagens religiosas. Sobraram só os pés e um labirinto de cavernas.
Esse antimonumento aos erros da humanidade é a porta de entrada para uma das mais belas regiões do mundo, com seis lagos azul-turquesa, todos com o leito coberto por depósitos minerais de diversas cores. São tão belas as águas que você vai querer explorá-las de pedalinho. E, surpresa, lá estão eles à disposição, em forma de pato. O povo de Bamian considera a água medicinal, e, para garantir que dela se beneficiem também as mulheres (que no país não aprendem a nadar), fortes senhoras amarram as visitantes a uma corda e as jogam em um mergulho gélido. Depois, visite ruínas de fortalezas e citadelas no alto de montanhas, como Shahr-e Gholghola, dizimada por Gêngis Khan no século 13.
Desde 2011, Bamian sedia o Desafio Afegão de Esqui, competição organizada por afegãos e suíços no mês de março. Nunca um brasileiro participou. Você pode ser o primeiro. Só cuidado com as minas terrestres, que aqui não estão bem sinalizadas.
VÁ – Contrate um guia local em uma agência com experiência em áreas de conflito, que arranjará o voo de Cabul a Bamian.
QUANDO – De abril a outubro. Se o objetivo for esquiar, o mês é março.