É melhor ser parecido ou diferente de seu parceiro romântico?
Os dois. Cientistas holandeses constataram que a resposta depende, na verdade, do traço de personalidade de cada um
Quando o relacionamento dá errado, pode surgir a clássica explicação: “éramos muito diferentes”. Acredite, para a maioria das espécies monogâmicas do planeta, isso não é uma desculpa esfarrapada: pares semelhantes (seja de peixes, seja de pássaros) têm muito mais chance de passar sua linhagem pra frente.
Mas essa lógica de Darwin também é válida para os humanos? Ou frases de botequim como “os opostos se atraem” é que estão com a razão? Uma equipe de psicólogos da Universidade de Amsterdã, na Holanda, resolveu tirar a prova.
Para chegar a uma resposta, o grupo usou uma abordagem bem mais específica e diferente de estudos anteriores. Eles recorreram ao bom e velho “Big Five” (ou modelo dos Cinco Grandes Fatores). Essa é uma teoria famosa na psicologia, que divide nossa personalidade em cinco características gerais: neuroticismo (ou instabilidade emocional), extroversão, sociabilidade (ou afabilidade), escrupulosidade (que mede a autodisciplina) e a abertura para novas experiências.
Os cientistas analisaram as combinações dessas características nos casais. Para eles, o maior erro de outros trabalhos sobre o tema era a abordagem “8 ou 80”, em que as respostas se limitavam apenas a “é melhor os parceiros serem parecidos” ou “serem diferentes”. No estudo holandês, os pesquisadores levaram em conta uma abordagem mais sutil e investigaram os cinco traços de personalidade do Big Five de forma separada – e como eles se complementavam para o bem da relação.
O estudo usou uma amostra de 4.464 casais e constatou que uma combinação muito perfeita das características não é benéfica. O melhor é que as pessoas se complementem. Por exemplo: é preferível que os dois tenham níveis parecidos de afabilidade (tanto faz se alto ou baixo), mas se um deles demonstrar ter pouca escrupulosidade, o ideal é que, no parceiro, esse fator se destaque mais. Outra constatação do estudo é que ter o mesmo nível de extroversão geralmente causa problemas – o ideal é que um seja mais desinibido que o outro.
Resumindo: não é fácil! Na verdade, o que podemos concluir é que a chave para se dar bem com alguém está na combinação de personalidades, e não só nas características comuns. Mas nada é impossível. Se organizar direitinho, todo mundo se encaixa.