Um final de semana de três dias faz mal à saúde
Calma: não é que trabalhar mais seja bom pra você. O negócio é que condensar a labuta em quatro dias da semana te faria explodir de estresse
Chega o final de domingo e a sensação é sempre a mesma — dois dias é pouco tempo para descansar. Você está exausto e daria tudo para ganhar mais algumas horas de final de semana. E aí, surge a pergunta na sua cabeça: por que diabos só sábado e domingo são dias de folga?
A pergunta faz sentido: uma semana com quatro dias de trabalho e três de descanso parece muito mais equilibrada. Em um final de semana estendido, daria para viajar, cuidar da casa, ficar com a família e sair com os amigos. Daria tempo, resumindo. Mas será mesmo?
A resposta, de acordo com uma série de estudos da Universidade de Ohio, é não. As pesquisas, realizadas com base em dados colhidos ao longo de mais de 30 anos, mostram que o problema é que você ainda precisaria realizar todo o trabalho dos cinco dias nos quatro restantes — ou seja, a pressão e o estresse aumentariam consideravelmente nos dias de trampo.
Por mais que a gente goste de imaginar o contrário, um dia sempre tem 24h. Então, vamos supor que se você trabalhe 8h por dia em uma semana de 5 dias: se o final de semana aumentasse, você passaria a ter que suar a camisa pelo menos 10h por dia para compensar a sexta-feira livre — isso porque as 8h que normalmente seriam trabalhadas na sexta teriam que ser divididas nos dias restantes. E essa concentração de horas, segundo os estudos, faz um mal danado à saúde.
Uma das pesquisas mostra que trabalhar por mais horas em um mesmo dia pode piorar muito a sua saúde: quem trabalha mais de 10h por dia tem três vezes mais chances de desenvolver problemas cardíacos, diabetes, artrite e até câncer — para essas pessoas, é duas vezes mais provável ter doenças pulmonares como asma, tosse crônica e alergias.
E tem mais: quanto mais as horas de trabalho aumentam, mais risco de sofrer acidentes no trabalho — quem labuta mais de 12h tem um risco 37% maior do que quem trabalha as convencionais 8h. E daí para a frente, a coisa só piora: quem faz hora extra (e trabalha ainda mais do que as 12h) tem risco 61% maior do que quem trabalha nas 8h comuns.
Mesmo que você não fique doente e que não sofra um acidente de trabalho — ou que não se preocupe com isso —, trabalhar demais em um mesmo dia continua sendo prejudicial: afeta o seu rendimento. Sabe aquela hora que você não aguenta mais estar no escritório? Então: com mais horas de trabalho, você seria obrigado a trampar até bem depois desse ponto de cansaço, e sua produtividade, segundo os estudos, poderia diminuir bastante.
Para quem tem filhos, essa rotina de 10h de trabalho por dia é ainda pior, porque os pequenos perdem tempo de contato com os pais. Pense só: se os pais sairem de casa entre 8h e 9h da manhã e saírem do emprego às 18h ou 19h, por exemplo, eles perderiam aquele tempinho do final do dia com as crianças.
Trabalhar o mínimo possível em cada dia seria o ideal, segundo os estudos — então a dica que os cientistas responsáveis dão é: em vez de tirar um dia inteiro de folga, trabalhar só até o meio-dia na sexta ou adotar uma rotina de trabalho que vá diminuindo aos poucos até o final de semana. Ou, como eles mesmos descrevem, uma rotina de trabalho que não seja “nem tão longa, nem tão curta, e que satisfaça a necessidade tanto do funcionário quanto do empregador”.