9 pinturas famosas que não estão nos seus países de origem
O "Abaporu", obra-prima de Tarsila do Amaral, está de volta ao Brasil! Mas não para sempre. E ele não é o único quadro importante fora de sua terra natal.
Qual a obra de arte brasileira mais famosa do mundo? Pessoas que curtem esse universo poderão citar O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo, A Estudante, de Anitta Malfati, Cinco Moças de Guaratinguetá, de Di Cavalcanti, ou um Romero Brito ostentado na sala de algum ricaço.
Mas muitos provavelmente citarão o ícone de Tarsila do Amaral: Abaporu.
Para a alegria geral da nação, muito brasileiros logo poderão vê-lo de pertinho: a partir do dia 5 de abril, o Masp exibirá o quadro na mostra temporária Tarsila Popular, junto com várias outras obras e pertences pessoas da artista. É uma oportunidade única de ver o quadro de volta a solos tupiniquins, depois de mais de 11 anos sem passar por aqui.
Isso porque, normalmente, você precisaria viajar até a Argentina para ver o Abaporu. Ele faz parte do acervo permanente do Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires, o Malba. A obra foi comprada em 1995 pelo colecionador argentino Eduardo Costantini por US$ 2,5 milhões (o correspondente hoje a US$ 9 milhões). Já houve colecionador brasileiro que ofereceu a bagatela de US$ 30 milhões (mais de R$ 120 milhões) para trazer a obra de volta ao Brasil. E o argentino negou.
Apesar da tristeza para nós, Costantini não vende o quadro por uma simples questão mercadológica: a obra-prima de Tarsila é o carro-chefe do Malba.
Assim como o quadro brasileiro, outras grandes obras de arte não estão nos seus países de origem (e são essenciais para os museus em que estão). A SUPER levantou outras 8 que seguiram o mesmo destino do nosso Abaporu:
Monalisa – Leonardo Da Vinci
Localidade atual: França
Origem: Itália
Falando em carro-chefe de museus, vamos começar com a obra mais famosa do mundo. Já imaginou o Louvre sem sua Gioconda? Mas se a nacionalidade do quadro fosse levada em conta, ela deveria estar na Itália.
A história de como a Monalisa foi parar em Paris é curiosa: na verdade, o próprio Da Vinci levou o quadro pra França. Isso foi em 1516, quando o pintor foi convidado pelo rei Francisco I da França para trabalhar em sua corte. De lá para cá, o quadro já passou pelo Palácio de Versalhes, pelos aposentos do Imperador Napoleão Bonaparte e chegou até a ser roubado em 1911 (que foi o que deixou a Monalisa tão famosa).
Hoje em dia, para proteger essa obra de valor inestimável, ela possui uma proteção de vidro à prova de balas.
A Persistência da Memória – Salvador Dalí
Localidade atual: EUA
Origem: Espanha
A obra que fez Dalí famoso nunca esteve na Espanha. O gênio pintou A Persistência da Memória em Paris, em 1931. Sua notoriedade como pintor surrealista se consolidou em 1932, quando o quadro com os relógios derretidos foi exposto na mostra Surrealism: Paintings, Drawings and Photographs, na Galeria Julien Levy, em Nova York. Obras de Pablo Picasso, Max Ernst, Joseph Cornell e Marcel Duchamp também estavam nessa mostra.
Em 1934, o Museu de Arte de Nova York, MoMA, ganhou a obra de um doador anônimo. Ela tem sido um dos principais destaques do museu por mais de 80 anos.
Rosa e Azul – August Renoir
Localidade atual: Brasil
Origem: França
Quem conseguir dar um pulinho até a Avenida Paulista, em São Paulo, vai poder ver o trabalho de um dos expoentes do impressionismo. A obra de Renoir pode não ser A principal do artista, mas está entre as mais célebres. Ela faz parte do acervo do Masp desde 1952, quando foi comprada pelo fundador do museu, o empresário Assis Chateubriand.
O quadro foi pintado em 1881, em Paris, a pedido de um banqueiro, o judeu Louis Raphael Cahen d’Anvers. Renoir fez uma série de quadros para a família. Este em questão retrata as filhas mais novas da família, Alice e Elizabeth, e as cores usadas são tonalidades marcantes no trabalho do artista.
A traição das imagens – René Magritte
Localidade atual: EUA
Origem: Bélgica
Um outro ícone do surrealismo, o belga René Magritte ainda hoje instiga estudiosos com a principal obra de sua série “A Traição das Imagens”: Isso não é um cachimbo (Ceci n’est pas une Pipe). Ao pé da letra, realmente, uma pintura de um cachimbo não é um cachimbo. Mas analistas consideram que essa obra é muito mais que essa simples constatação.
Está em Bruxelas e quer ver o polêmico cachimbo? Impossível, a obra está exposta nos Estados Unidos, no Museu de Arte do Condado de Los Angeles, o LACMA.
A Noite Estrelada – Van Gogh
Localidade atual: EUA
Origem: Holanda
Quando pensamos em Van Gogh, logo vem a cabeça: girassóis, (falta de) orelha, autorretratos e Noite Estrelada. Mas ir ao Museu Van Gogh, em Amsterdã, não matará sua curiosidade de ver ao vivo um dos maiores ícones da arte ocidental: o quadro faz parte do acervo permanente do MoMA, nos Estados Unidos.
A obra foi pintada em 1889, enquanto o pintor estava no hospital psiquiátrico Saint-Paul-de-Mausole, na França. Foi uma das últimas obras do artista, que faleceu em 1890. A Noite Estrelada ficou em coleção privada até ser adquirida pelo museu nova-iorquino em 1941.
A Dança – Henri Matisse
Localidade atual: Rússia e EUA
Origem: França
Não, não tem magia envolvida nisso: o quadro não está em dois lugares ao mesmo tempo. Acontece que A Dança pode se referir a duas obras do francês Matisse, feitas entre 1909 e 1910. A primeira serviu de estudo para a segunda – e nenhuma delas está no país natal de seu criador.
O quadro foi encomendado por um colecionador russo, com quem o pintor tinha uma longa parceria. Após algumas desavenças (o cara não queria colocar pessoas nuas na parede da casa dele), a obra foi para a Rússia e, hoje, está no museu Hermitage, em São Petersburgo. Já a pintura original foi doada ao MoMA, de Nova York, pelo empresário e político Nelson Rockefeller.
Guerra e Paz – Cândido Portinari
Localidade atual: EUA
Origem: Brasil
Na década de 50, a sede da Nações Unidas estava para ser inaugurada em Nova York. O ONU, então, convidou os países a enviar obras de arte para povoar o prédio, e o Brasil escolheu o paulista Cândido Portinari para a tarefa.
Portinari levou quatro anos para fazer os dois painéis de 14 x 10 m de tamanho cada. Em 1956, um ano antes de ser inaugurada na ONU, a obra foi exposta aqui no Brasil, durante uma cerimônia no Rio que contou com o presidente Juscelino Kubitschek. O artista, no entanto, nunca chegou a ver o seu trabalho em Nova York. Em época de Guerra Fria, Portinari, por demonstrar publicamente pensamentos à esquerda, teve dificuldade de conseguir o visto para os EUA. Morreu em 1962 sem ter ido conferir o resultado.
O vídeo abaixo, da ONU, explica toda a história por trás dos painéis.
As Senhoritas de Avignon – Picasso
Localidade atual: EUA
Origem: Espanha
Feita em 1907, levou nove meses para ficar pronta. Certo, não se trata da obra-prima do pintor, mas certamente é uma das mais importantes de sua carreira por se tratar de um dos marcos do movimento cubista ao explorar novas formas de retratar a realidade. De início, ninguém entendeu muito bem a ideia. Hoje, ela está exposta no (adivinha) MoMA, em Nova York.