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Como será nossa chegada à Marte – de acordo com Ron Howard

Diretor de "Apollo 13" e "Uma Mente brilhante", Ron Howard é o produtor da nova série "MARTE" - e conversou com a gente sobre viagens espaciais

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 nov 2016, 18h33 - Publicado em 18 nov 2016, 20h48

Ron Howard é um cara estrelado. Diretor da franquia de filmes do Código da Vinci, e de obras vencedoras de Oscars, como Uma Mente Brilhante, o americano não tem uma, mas duas estrelas na Calçada da Fama de Hollywood. Ele deve parte de seu sucesso às estrelas de verdade – é o responsável pelo filme Apollo 13, e pela série da HBO The Earth to the Moon, ambos com temática espacial. Agora, ele volta à televisão para falar sobre a vida em gravidade zero com um novo programa, dessa vez como produtor-executivo: MARTE, da National Geographic.

A série, que é exibida no canal da NatGeo às 23h dos domingos, retrata a chegada de um grupo de astronautas ao planeta vermelho, em 2030. O feito ainda não aconteceu na vida real, mas já tem quem imagine o negócio em detalhes. Não faltam pesquisadores e empresários dedicados a prever o que pode dar certo (e errado) até darmos um pequeno passo no planeta vermelho – e foi justamente com eles que Howard conversou para tornar a série o mais verossímil possível. A produção intercala cenas de ficção e entrevistas com os maiores especialistas sobre exploração marciana, entre os documentados estão o físico-popstar, Neil deGrasse Tyson e o empresário-gênio-bilionário Elon Musk. “Nós fizemos entrevistas, com Jim Lovell (o comandante do Apollo 13), com o Musk, o Tyson e outros especialistas antes de começarmos a escrever o roteiro”, contou Ron Howard à SUPER e outros veículos da América Latina, por telefone. “Pelo menos metade de cada episódio é roteirizada e dramatizada. Esses personagens são completamente inventados, mas reais, as situações dramáticas partiram da pesquisa que fizemos nessas entrevistas com grandes pensadores. Eles influenciaram a narrativa de maneiras bem significantes”, afirma.

LEIA: E se a gente vivesse em Marte?

Faltam só 14 anos para 2030 (quase 13), mas Ron acredita que pouco mais de uma década é tempo suficiente para chegarmos à Marte. “Eu acho que é bem, bem, provável que a viagem ocorra nesse período. É uma aventura de alto risco, mas há tantas pessoas brilhantes que acreditam nessa possibilidade investindo uma quantia absurda de energia e paixão, que eu realmente acredito em uma missão com seres humanos”. Para Ron, um passo importante para que esse prazo seja cumprido é a desestatização do espaço. De acordo com o americano, a liderança de Elon Musk em uma ação de empresas privadas nessa viagem interplanetária pode facilitar nossa ida ao planeta vermelho. “Eu acho que é muito importante seguirmos em frente com a ambição de nos tornarmos uma espécie multiplanetária”, afirma.

No entanto, Ron não acha que as coisas possam acontecer em menos tempo que isso. Muito menos que um reality show possa se passar em terras marcianas dentro da próxima década – ideia essa que já está em pauta. O Mars One é um programa que está agendado para começar a ser rodado em 2025. O plano é mandar pessoas de todo o mundo para uma casa em Marte. Um Big Brother espacial, que pode contar até mesmo com uma integrante brasileira. “Olha, os engenheiros e cientistas mais otimistas acreditam que isso pode acontecer dentro de uma década, e há outros que afirmam que isso vai levar muito, mas muito mais tempo. Nós preferimos ficar com meio-termo, foi assim que chegamos à 2030”, afirma. Segundo ele, o problema maior seriam as preparações, tanto na Terra, quanto em Marte, que precisariam preceder os primeiros visitantes. “A questão é que antes dos humanos poderem ir pra lá, existem numerosas missões para que robôs possam deixar em Marte o equipamento necessário para manter a humanidade no planeta”.

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Mars-National-Geographic
Cena de “MARTE” (Divulgação | National Geographic)

Além dos bilhões de dólares, e da preparação física que o ser humano precisa para conseguir sobreviver a uma viagem interplanetária, o psicológico não pode ser ignorado. A série busca retratar a dificuldade de manter a humanidade durante o rolê marciano, e para isso recorreu a estudos que agências espaciais estão produzindo, em especial a NASA. “ Tem muitas pesquisas rolando agora. O que estão fazendo na Antártica, por exemplo, é memorável: pessoas estão se isolando para entender melhor o que será necessário para viver por lá. No Havaí também, um projeto chamado High Seas concluiu um ano de isolamento – nós documentamos isso na série”, conta.

Mas Ron não está exatamente ansioso com a viagem. Com ou sem missão tripulada à Marte, em 2030, ele não está planejando dar um pulo no planeta vermelho. “Pra mim a viagem seria terrível. Vai ser um desafio imenso, e como não é meu sonho, a dedicação junto com a força física e emocional, seria brutal pra mim”, diz. “Meu sonho é ficar onde eu estou, com minha família, meus amigos, e contar o máximo de histórias que conseguir, aqui na Terra”, conclui. Se você estava planejando ver filmes espaciais de Ron sendo filmados in loco, Houston, você tem um problema.

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