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Quem é Han Kang, a primeira sul-coreana a vencer o Nobel de Literatura

A autora já tem três livros publicados no Brasil – incluindo o aclamado "A Vegetariana" –, e mais um está previsto para 2025.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 14 out 2024, 09h26 - Publicado em 10 out 2024, 18h00

Nesta quinta-feira (10), a Academia Sueca honrou a escritora sul-coreana Han Kang, de 53 anos, com o Prêmio Nobel de Literatura de 2024. Ela foi laureada por “sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.

Kang é a primeira pessoa da Coreia do Sul a ganhar um Nobel de Literatura, a maior honraria do mundo literário. O prêmio vale 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 6 milhões. Seu livro mais famoso, A Vegetariana, foi publicado originalmente em coreano em 2007. Ela precisou escrever o livro a mão, porque estava com o punho machucado de tanto digitar. 

O livro foi traduzido para o inglês só em 2015, e publicado nos EUA em 2016. No mesmo ano, a autora ganhou o International Booker Prize, grande prêmio literário do Reino Unido. Depois do sucesso no mundo anglófono, A Vegetariana de Kang rodou o globo. Ele foi publicado em 2018 no Brasil, pela Todavia. A editora também publicou outros dois livros da autora: O livro branco e Atos humanos.

A Vegetariana conta a história de uma mulher que teve um sonho sinistro que a levou a tomar uma decisão: nunca mais comer, cozinhar ou servir carne. A decisão, aparentemente inofensiva, serve de gatilho para diversas consequências extremas na sua vida pessoal e familiar. O livro é um marco na ficção contemporânea, e foi primeiramente recebido como bizarro pelos leitores coreanos, mas depois reconhecido como impressionante.

Quem é Han Kang

Kang nasceu em 1970 em Gwangju, a sexta maior cidade da Coreia do Sul. Seu pai, Han Seung-won, também é escritor, e tanto ele quanto a filha já ganharam alguns dos principais prêmios literários da Coreia do Sul. O irmão de Kang, Han Dong-rim, também é escritor.

A família literária se mudou para Seul, a capital do país, quando Kang ainda era uma criança de dez anos. Ela estudou literatura coreana na Universidade Yonsei, e deu aulas de escrita criativa no Instituto de Artes de Seul. Ela também faz obras de artes visuais e música: um de seus livros de ensaios foi publicado junto de um CD com dez canções que ela compôs, gravou e interpretou.

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Kang – que é relativamente jovem em comparação com os autores que costumam ganhar o Nobel – também escreve poesia e trabalhos de não-ficção, mas seu destaque na literatura vem por causa dos romances. Ela já escreveu oito desde 1998. O mais recente saiu em 2021 na Coreia do Sul, e está sendo preparado pela Todavia para um lançamento em 2025.

A literatura de Kang se inspira na história e na política da Coreia do Sul. Ela trabalha com traumas do país como a ocupação japonesa na Coreia, entre 1910 e 1945, e a violência colonial que aconteceu a partir disso, ou como o levante estudantil de Gwangju, em 1980, quando mais de 600 jovens morreram massacrados pelo exército por protestar contra a ditadura.

Nobel de Literatura

Kang era uma azarona para ganhar o prêmio. Até ontem, as principais casas de apostas – sim, as pessoas apostam no Nobel de Literatura todo ano – tinham alguns claros favoritos. Alexis Wright, uma autora indígena australiana, e Can Xue, escritora experimental da China, eram as mais cotadas para ganhar.

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Além delas, alguns nomes estão todo ano na conversa para ganhar. Haruki Murakami, escritor japonês com livros surrealistas pop, Michel Houellebecq, polêmico autor francês, e o mestre do romance pós-moderno, Thomas Pynchon, estão sempre entre os dez mais apostados.

Da América Latina, se falava de um possível prêmio para o chileno Raúl Zurita, poeta militante, e para César Aira, autor argentino com mais de oitenta livros publicados. Quando estava na universidade, a laureada deste ano, Han Kang, tinha entre seus favoritos o mexicano Octavio Paz e o mestre argentino Jorge Luis Borges, como contou em entrevista à Veja.

Nos últimos anos, o prêmio tem aumentado a lista de mulheres laureadas. Dos 121 autores agraciados, só 18 são mulheres. Metade dessas foram premiadas depois de 1995. 

Desde 2018, o Nobel de Literatura vem alternando entre homens e mulheres. A polonesa Olga Tokarczuk ganhou naquele ano, e a poeta americana Louise Glück foi a homenageada de 2020. Em 2022, foi a vez da francesa Annie Ernaux, estrela da autoficção que se propõe a fazer uma sociologia da própria vida.

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