Quem foi Gabriele Amorth, o verdadeiro “exorcista” do Papa
Atualmente nos cinemas, O Exorcista do Papa coloca Russell Crowe no papel do padre que teria realizado mais de 100 mil exorcismos em sua vida.
Hollywood continua fissurada em exorcismos. Lançado no começo de abril de 2023, O Exorcista do Papa é um filme de terror baseado na história real do padre Gabriele Amorth (interpretado por Russell Crowe, de Gladiador), que teria realizado mais de 100 mil exorcismos ao longo da vida. A seguir, conheça sua história.
O suposto exorcista nasceu em primeiro de maio de 1925 em Modena, na Itália. Quando era jovem, participou da resistência italiana contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Cursou direito e trabalhou como jornalista antes de se tornar membro da Pia Sociedade de São Paulo, em 1951.
Em 1986, Amorth se tornou assistente do Cardeal Ugo Poletti, e depois o sucedeu no cargo de exorcista chefe da Diocese de Roma. Também chamada de Igreja de Roma ou Santa Sé, essa é a sede do Sumo Pontífice da Igreja Católica: o Papa. Amorth permaneceu como ”exorcista do Papa” até sua morte, em 2016.
Autor de diversos livros, como Memórias de Um Exorcista e The Devil Is Afraid of Me, Amorth é, provavelmente, o exorcista mais conhecido mundialmente. Ele fundou, no início da década de 1990, da Associação Internacional de Exorcistas, da qual foi presidente. A associação recebeu a aprovação do Vaticano em 2014 e agora realiza, bianualmente, uma conferência sobre exorcismos.
Amorth já até se encontrou com William Friedkin, o diretor do filme O Exorcista (1973). O exorcista da vida real, que também era conhecido por seu senso de humor, revelou ser fã do longa– e chegou a dizer para o diretor que não tinha medo do Diabo. “Você sabe por que o Diabo tem medo de mim? Porque sou mais feio do que ele ”, teria dito.
Mesmo com o senso de humor e exposição global, Amorth levava seu trabalho bem a sério – e o número alto de exorcismos que teria feito mostra isso. Porém, segundo ele, a esmagadora maioria dos que o procuravam não estavam realmente possuídos e precisariam, em suas palavras, “de um psiquiatra, não um exorcista”.
Pelas suas próprias estimativas, apenas cem dos exorcismos que fez ao longo da vida se tratavam de ocupação demoníaca que ele considerava real. Mas também não negava o ritual a quem achasse que precisava: “um exorcismo desnecessário nunca fez mal a ninguém”, escreve em sua biografia.
Quem não gostou do novo filme foi a organização que Amorth criou. A Associação Internacional de Exorcistas, por meio da Catholic News Agency, afirma que a narrativa, além de historicamente incorreta, distorce e falsifica o que é verdadeiramente vivido e experimentado durante o exorcismo de pessoas verdadeiramente possuídas.
“O exorcismo se torna um espetáculo que visa inspirar emoções fortes e não saudáveis, graças a uma cenografia sombria, com efeitos sonoros que inspiraram apenas ansiedade, inquietação e medo no espectador”, afirmam.
Em meio às criticas, Edward Siebert, um dos produtores executivos do filme e também padre jesuíta, afirmou que seu objetivo é colocar homens como Amorth sob uma luz positiva. “É bom ver um padre falando sobre oração, perdão, amor de Deus e, ainda por cima, vencer demônios”, disse. “É bom finalmente ver um padre como um herói.”