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Arqueólogos encontram vestígios de antiga comunidade cristã no Egito

Construído no século 4 d.C., o local fica em uma área isolada ao sudoeste do Cairo. Ele conta com quartos, igrejas e salas de convivência.

Por Carolina Fioratti
16 mar 2021, 16h40

Uma escavação liderada pelo Instituto Francês de Arqueologia Oriental (IFAO) e pela Universidade norueguesa MF revelou o que parece ser o sítio monástico mais antigo do mundo. O espaço, que pode ter abrigado uma comunidade cristã no passado, está localizado no Oásis de Bahariya, a cerca de 370 quilômetros de Cairo, no Egito. 

De acordo com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, a estrutura encontrada pelos pesquisadores foi construída a partir de pedras de basalto e tijolos de barro – algumas áreas no subsolo foram construídas pelas próprias rochas encontradas ao redor dos buracos. 

A estrutura é dividida em seis setores, que foram explorados em diferentes fases da escavação. O primeiro a ser estudado parece ter sido também o primeiro a ser construído, e corresponde a uma capela do século 4 d.C. A datação foi feita a partir da análise de moedas e peças de cerâmica presentes no local.

Além da capela, a estrutura completa contava ainda com células monásticas (lugares usados como espaços devocionais pelos religiosos), cozinha e refeitório, igrejas, 19 quartos, salas de convivência, entre outros cômodos. 

As paredes traziam rabiscos com símbolos cristãos e possíveis versos bíblicos escritos em grego, o que sustenta a hipótese de que o local foi um dia uma comunidade religiosa.

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Além disso, os pesquisadores encontraram também óstracos, que nada mais são do que fragmentos de cerâmica usados como base para documentar notas, avisos, entre outras mensagens. Na Grécia Antiga, as pessoas usavam a peça para registrar o nome de cidadãos que deveriam ser punidos. 

Fragmento de cerâmica contendo escrita grega.
Óstraco encontrado no sítio monástico egípcio. (Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Reprodução)

O pesquisador responsável por coordenar a escavação, Victor Ghica, explicou ao jornal egípcio Al-Ahram que os sítios arqueológicos que datam do período romano estão entre 2,4 e 3,8 quilômetros de distância da estrutura religiosa.

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O fato de o novo local estar praticamente isolado reforça a ideia de que uma comunidade monástica vivia ali. Os cientistas sugerem que a estrutura foi ocupada por egípcios entre os séculos 4 e 8, tendo um pico de atividade entre os séculos 5 e 6.

Inscrições bíblicas na parede de uma das câmaras esculpidas na rocha.
Os cientistas acreditam que as escrituras em grego vistas nas paredes são versos bíblicos. (Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Reprodução)

De acordo com historiadores, o cristianismo chegou ao Egito em algum momento do primeiro século da Era Cristã. Naquela época, Marcos, o Evangelista, pregava em Alexandria entre os judeus  – o que o levou a receber o título de fundador da Igreja Copta Ortodoxa de Alexandria. Agora, o sítio recém descoberto está sendo considerado por estudiosos como “o local monástico cristão preservado mais antigo que já foi datado com precisão”. 

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