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Arqueólogos podem ter descoberto o significado dos gravetos com vértebras humanas no Peru

Os objetos foram encontrados em túmulos de 500 anos – e podem ter sido uma resposta dos povos locais aos saques feitos por colonizadores espanhóis.

Por Luisa Costa
Atualizado em 26 jul 2022, 14h02 - Publicado em 2 fev 2022, 19h43

Em 2013, um grupo de arqueólogos estava investigando uma área de 40 km² no Vale do Chincha (Peru), onde há 664 túmulos. Em um deles, encontraram um artefato macabro: um conjunto de vértebras humanas enfileiradas em um graveto. Eles estavam por toda parte: no total, foram encontrados 192 gravetos por lá.

Os gravetos são conhecidos há bastante tempo por agricultores do Vale, que fica situado a aproximadamente 200 quilômetros ao sul da capital Lima. A equipe de cientistas recolheu 79 gravetos para examiná-los de perto.

Os dados coletados foram reunidos em um estudo, publicado no periódico Antiquity. Segundo os pesquisadores, os objetos podem ter sido criados em resposta ao saque de túmulos realizado por colonizadores espanhóis, 500 anos atrás. Enfileirar as vértebras seria forma simbólica de restaurar a integridade dos restos mortais dos antepassados.

A partir de datação por radiocarbono (técnica que permite determinar a idade de alguns materiais), a equipe descobriu que as vértebras pertenceram a pessoas enterradas entre 1520 e 1550 – uma época conturbada do Vale do Chincha. 

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O local foi o centro político da civilização Chincha até se tornar parte do Império Inca por volta do ano 1480. Mas, a partir da chegada dos espanhóis à região na década de 1530, a população local sofreu com invasões, fome e doenças – todo tipo de destruição que levou ao seu declínio.

Embora as vértebras sejam do início dos anos 1550, os gravetos datam de um período posterior, entre 1550 e 1590. Nessa época, não era raro os espanhóis saquearem e a destruírem cemitérios indígenas em busca de artefatos de prata e ouro nos túmulos (chamados de chullpas). Além disso, havia o esforço em atacar crenças e práticas sagradas locais, na tentativa de implantar o catolicismo.

Quatro chullpas diferentes, uma espécie de túmulo de pedra.
Os arqueólogos investigaram mais de 600 chullpas, como as da imagem. (J.L. Bongers/Divulgação)

Segundo os pesquisadores, a construção dos objetos pode ter sido uma resposta aos ataques coloniais, que deixavam os restos mortais dispersos – e, portanto, profanados. Seria um “compromisso de longo prazo” com os mortos, e uma tentativa de reconstruir parte dos esqueletos.

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Os gravetos foram encontrados dentro ou próximos das chullpas, e os pesquisadores acreditam que eles possam ter sido originalmente colocados na vertical – como pequenos postes. Cada objeto era constituído por quatro a dez vértebras enfileiradas em uma vara de junco. (Mas havia exceções: foi encontrada uma vara com 16 vértebras, além de um conjunto que continha também um crânio.)

Ossada encontrada em cemitério no Peru.
(Gómez Mejía/Divulgação)

A maioria dos objetos continha ossos pertencentes a um único indivíduo, adulto ou criança. Mas não eram colunas vertebrais completas, e muitos ossos estavam fora da ordem natural.

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Alguns especialistas acreditam que a resposta a saque colonial não é a única explicação possível para os objetos encontrados. Segundo eles, a prática de revisitar restos mortais é comum entre sociedades andinas.

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