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Colombo. Herói (ou vilão?) do novo mundo

Às vésperas do quinto centenário de sua até recentemente gloriosa viagem, uma onda revisionista ameaça sua imagem. De descobridor passa a conquistador e, para muitos, agressor.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h09 - Publicado em 31 out 1991, 22h00

Pedro Cavalcante

Em 7 de fevereiro de l986,, enquanto o jovem ditador Jean-Claude Duvalier abandonava o Haiti a bordo de um avião da Força Aérea americana, deposto por uma furiosa revolta popular, a estátua de Cristóvão Colombo era arrancada de seu Pedestal na entrada de Port-au-Prince, e atirada pela multidão ao Mar das Antilhas. “Já que Colombo gostava tanto do mar”, explicou um dos revoltosos, “que volte a nado para a Europa.” Foi mais um episódio da onda de revisionismo histórico que anda varrendo as três Américas às vésperas do quinto centenário de sua descoberta, acontecida em 12 de outubro de 1492.

Ou, como se diz agora, de sua invasão pelos espanhóis, já que a glória da verdadeira descoberta cabe aos próprios índios que aqui chegaram, através do Estreito de Bering, pelo menos 40 000 anos antes. Colombo tornou-se, naturalmente, o principal alvo dos revisionistas. Até há pouco era o protótipo do homem de larga visão e caráter obstinado, o sábio defensor da certeza de que a Terra é redonda, o navegador genial que “parecia ter uma rosa-dos-ventos na cabeça”, o explorador arrojado enfrentando terríveis canibais; o homem, enfim, que abriu as portas do Oceano Atlântico. E de repente, não é mais nada disso.

Livros como o recente The conquest of Paradise (A conquista do Paraíso) do americano Kirkpatrick Sale, apresentam um homem de paixões vulgares, devorado pela ganância do ouro, obcecado pelos títulos de nobreza, geógrafo contuso misturando astronomia com astrologia, navegador insensato, certo de que recebia ordens diretamente de Deus e que, apesar das quatro viagens à América, nunca conseguiu entender onde tinha chegado. Além do mais, de uma ferocidade bestial com os nativos indefesos, trazendo consigo da civilização européia apenas a forca, a fogueira e a espada, além da tuberculose e da varíola, o que fez dele o fundador da maior empresa de genocídio e devastação ambiental da história da humanidade. “Perto de Colombo”, comenta o ativista americano Russel Means, “Hitler não passaria de um delinqüente juvenil”.

Mas, afinal, que era o verdadeiro Colombo? Seria realmente o paranóico que numa certa manhã de junho de 1494 decidiu que Cuba não era uma ilha e sim um continente, obrigou toda a tripulação a jurar solenemente essa “verdade” e avisou que se soubesse de alguém afirmando o contrário mandaria imediatamente arrancar sua língua? Que fim teria levado o querido e honrado Colombo dos livros escolares? Dos seus primeiros vinte anos não se sabe praticamente nada. Há razões documantais para se acreditar que nasceu em Gênova no ano de 1451. Mas nem todos estão de acordo. Apenas no século passado foram escritos 253 artigos acadêmicos sobre essa questão especifica, com reivindicações para a Córsega, Grécia, Maiorca, Aragão, Galícia e Portugal, sem falar na França e na Polônia. Sabe-se, de certo, que sua língua preferida era o castelhano, pois servia-se dela para sua correspondência e suas anotações pessoais.

Desde cedo parece ter escolhido a vida no mar. Em 1472 já navegava como corsário. Quatro anos mais tarde, andava engajado na frota de treze navios do corsário francês Coullon, o Velho, e nas costas de Portugal participou da abordagem de cinco navios mercantes que seguiam para a Inglaterra. Durante o combate, seu navio foi a pique e ele salvou-se nadando. Compreende-se que, nos seus escritos posteriores, tenha deixado na sombra essa parte do seu passado. Embora o corso não fosse uma atividade vergonhosa como a pirataria, causava inimizades prejudiciais a quem, como ele, iria procurar financiamento para viagens junto aos poderosos da época. Portugal, onde foi parar pelo acaso do naufrágio e onde viveria oito anos, dos 25 aos 33, foi a terra que lhe mudou o destino. Era o tempo dos pilotos formados na Escola de Sagres e das grandes navegações pela costa da África. Desde 1434, quando Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, após quinze tentativas infrutíferas, elas iam se estendendo, cada vez mais distantes. Em 1488, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa Esperança, anunciando a grande vitória de Vasco da Gama que em 1498 haveria de descobrir o “verdadeiro caminho marítimo para as Índias”.

A idéia desenvolvida por Colombo, como se sabe, também era chegar às Índias, mas navegando para oeste de maneira a dar uma volta em torno da Terra. Baseando-se nos dados do cosmógrafo árabe Alfraganus (Al Fragani), imaginou que o grau terrestre tivesse 56 milhas e meia na linha do equador (o que é correto para milhas árabes, de 1975,5 metros, mas inteiramente errado para as italianas, de 1477,5 metros). Supôs, a seguir, baseado em diversos autores europeus, que todas as terras firmes desde Portugal até a extremidade de oriental da Ásia, se estendessem por 283 graus, deixando apenas 77graus para os oceanos. Sem dúvida, um erro muito maior.

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Com base nesse duplo engano, concluiu que saindo das Ilhas Canárias e navegando 2 760 milhas para oeste, chegaria ao Japão. Era um cálculo inteiramente absurdo, mas vinha muito a calhar. Se revelasse a distância real, mais de quatro vezes maior, nunca teria encontrado quem lhe financiasse a tentativa. Estava certo, aliás, na sua concepção básica, a de que poderia alcançar o Oriente pelo Ocidente, proposta muito arrojada para a época. Embora a teoria da Terra esférica já estivesse aceita nos círculos mais cultos, havia aspectos desconcertantes que contrariavam o senso comum. Como fariam os antípodas, obrigados a andar de cabeça para baixo? Por que não caíam no espaço sideral? E o que se encontraria pelo caminho? Não seria lógico que o gelo dos pólos fosse contrabalanceado por alguma região de fogo no equador?

Colombo não conseguiu interessar o rei português, Dom João II, nos seus projetos. De sua estada em Portugal sabe-se de seu casamento com Filippa Moniz Perestrello, de família nobre, com quem teve um filho, Diego, futuro companheiro de navegações. Fez uma viagem até a Islândia e outra pelas costas da África, até a Guiné. Parece ter morado algum tempo na Ilha de Porto Santo e na Madeira. Em 1484, depois da morte da mulher, mudou-se para a Espanha, mais precisamente para a Andaluzia, onde passou dois anos hospedado nas propriedades de duas poderosas famílias: os Medinacelli e os Medina-Sidonia. Graças ao duque de Medinacelli, conseguiu ser apresentado formalmente à rainha Isabel e, pouco depois, em 20 de janeiro de 1486, submeteu o seu projeto a uma comissão de cientistas, navegantes e teólogos, liderada pelo confessor da rainha Hernando de Talavera.

A conclusão foi inteiramente negativa. Por unanimidade, a comissão recusou o projeto, como impossível. Mas Colombo não desistiu e depois de algumas tentativas de aproximação com os reis da França e da Inglaterra, feitas por seu irmão, Bartolomeu, voltou a insistir junto à corte espanhola. Acabou conseguindo, mas só porque certas circunstâncias históricas intervieram. No início de 1492, os espanhóis expulsaram definitivamente os árabes de seu território. Na rendição formal de Granada em 6 de janeiro de 1492, com o jovem califa Boabdil entregando a Isabel de Castela e Fernando de Aragão as chaves da fortaleza de Alhambra, terminavam sete séculos de presença árabe na Península Ibérica.

Livres da guerra de reconquista, os soberanos espanhóis passaram a se interessar pelos novos horizontes anunciados por Colombo. As negociações finais para a expedição ainda se arrastaram por alguns meses. Ao contrário do que diz a tradição, a rainha Isabel nunca penhorou as jóias para financiá-la. Dos três navios, dois (Pinta e Niña) foram providenciados pela cidade de Palos, por ordem da coroa, que entendia castigar sua população por certas ofensas que ninguém sabe mais quais seriam. O terceiro navio, Santa María, assim como as demais despesas, foram financiados por empréstimos arranjados por Luis de Santángel, banqueiro intendente geral dos reis católicos, o principal aliado de Colombo na corte.

A Pinta e a Niña eram caravelas e a Santa Maria uma nau. Não se sabe exatamente como eram nem que tamanho tinham. Os construtores daquela época iam dando ordens conforme os trabalhos avançavam, sem desenhos nem plantas detalhadas Nenhuma caravela autêntica chegou até nossos tempos; o que se conhece de mais confiável é uma miniatura espanhola do século XIV, que se encontra no Prinz Hendrik Museum, em Rotterdam, na Holanda. Estima-se que as duas caravelas tinham pouco mais de 20 metros da popa à proa. A Santa María — um pouco maior — apresentaria um convés do tamanho aproximado de uma quadra de tênis. A tripulação das três seria de noventa homens.

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Colombo assumiu o comando da Santa Maria, que era a nau capitania; Martín Alonso Pinzón o da Pinta; e seu irmão, Vicente Yáñez Pinzón, o da Niña. Saíram de Palos com destino às Ilhas Canárias e de lá, no dia 6 de setembro de 1492, iniciaram a grande aventura no rumo do Ocidente. A ansiedade da descoberta era tamanha que apenas uma semana mais tarde os marinheiros já começavam a ver (ou inventar) sinais de terra próxima. Ora eram pássaros marinhos, como albatrozes e fragatas, e outros que teoricamente nunca se afastam da costa mais do que algumas dezenas de quilômetros: ora eram tufos de ervas que passavam boiando. A desilusão, cada vez que esses indícios se revelavam inconsistentes, ia aumentando a preocupação dos marinheiros. A partir da segunda semana começaram a resmungar idéias de motim. A direção do vento, sempre favorável, mais lhes aumentava o medo, na medida em que tornava a volta mais problemática. Em 25 de setembro houve grande alegria quando Martín Alonso Pinzón anunciou terra à vista e entrou a cantar Gloria in excelsis Deo com sua tripulação. Era outro rebate falso.

Foi somente na manhã de 12 de outubro que a primeira ilha das Bahamas apareceu aos olhos do marinheiro Rodrigo de Triana, que navegava a bordo da Pinta. Segundo o calendário juliano, em vigor no século XV, era realmente 12 de outubro; pelo calendário gregoriano que vigora atualmente, seria 21 de outubro. O local exato onde Colombo desembarcou pela primeira vez na América. é outro motivo de controvérsia. Nada menos que doze ilhas reivindicam a primazia. Ele tinha, aliás, todo interesse em guardar segredo para não ser seguido por outros navegadores, sobretudo os portugueses.

Nessa primeira viagem, o navegador demorou-se apenas quatro semanas nas Bahamas. Descobriu dezenas de ilhas, entre elas Hispaniola, dividida atualmente entre Haiti e República Dominicana.. Ali fundou Isabella, a primeira “cidade” do Novo Mundo. Travou, igualmente, contatos iniciais com os nativos da região—que se chamavam a si próprios de tainos (os valorosos); passaram a ser chamados índios, pois os descobridores acreditavam que haviam chegado às índias, que estariam pouco mais adiante. De volta à Espanha, Colombo foi recebido na corte com grandes honrarias e muitos banquetes. O descobridor voltou à América, que ainda não tinha esse nome três vezes, mas nunca chegou a uma conclusão definitiva sobre onde se encontrava.

Na segunda viagem, de 1493 a 1496, comandou uma frota de dezessete navios, e mais de 1000 homens, com o propósito de iniciar a colonização a partir de Hispaniola. De lá saiu para diversas expedições exploratórias nas ilhas de Guadelupe, Porto Rico, Jamaica e sobretudo Cuba, que ele imaginou ser a extremidade do continente asiático. Na terceira viagem, de 1498 a 1500, chegou a avistar realmente a América do Sul, junto à foz do Rio Orinoco, região hoje pertencente à Venezuela. Mas, vítima de uma de suas crises de misticismo, cada vez mais agudas e freqüentes, imaginou que havia chegado ao paraíso descrito na Bíblia.

Na quarta viagem, de 1502 a 1503, nada descobriu de importante. Mas deu livre curso à imaginação e escreveu dois livros. O primeiro, conhecido como “O livro dos privilégios”, traz o título oficial de “Cartas, privilégios, cédulas e outras escrituras de Dom Cristóvão Colombo, almirante maior do Mar Oceano, vice-rei e governador das ilhas e terras firmes”. E uma coletânea de documentos através dos quais Colombo pretende salvaguardar seus privilégios. O segundo, “O livro das profecias”, é uma tentativa de convencer os soberanos da importância cósmica de seus feitos. Nele, repete incansavelmente que foi escolhido diretamente por Deus como instrumento de Sua vontade.

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Colombo morreu em 1506, dono de uma fortuna considerável, mas ainda julgando-se incompreendido e espoliado nos seus direitos. Na verdade, caíra muito no conceito dos reis da Espanha O que mais o prejudicou não foram suas teorias desatinadas, mas a prática do dia-a-dia como governador das terras descobertas. Nesse ponto, não há quem discorde: Colombo foi um dos administradores mais desastrados de que se tem notícia. Os próprios espanhóis da colônia de Hispaniola viviam num permanente estado de falta de víveres, divididos em grupos amotinados, que o governador mais irritava do que apaziguava, governando com a forca e a chibata. A situação chegou a tal ponto que, em 1500, os reis perderam a paciência e mandaram Francisco de Bobadilla como interventor. Colombo, que acabara de mandar enforcar sete colonos e se preparava para enforcar mais cinco, foi preso e mandado de volta para a Espanha, com algemas nos pulsos.

Mas tudo o que os colonos espanhóis sofreram nas mãos do seu vice-rei parece insignificante, comparado com o que eles impuseram aos nativos da América. Esse é o grande crime histórico, o genocídio em escala continental que os historiadores revisionistas pretendem colocar em evidência às vésperas do quinto centenário. Curiosamente, os primeiros encontros dos espanhóis com os nativos foram amigáveis, quase idílicos. Eis o que o próprio Colombo anotou no seu diário de bordo da primeira viagem, sobre os tainos: “Eles se tornaram tão nossos amigos que era uma maravilha (…) Eles trocam e dão tudo o que possuem com a melhor boa vontade (…) São muito gentis e não sabem o que seja o mal, não mentem nem roubam (…) amam seus vizinhos como a si mesmos, falam suavemente e estão sempre sorrindo”.

Em outros trechos do mesmo diário, no entanto, o navegador pergunta se eles não seriam úteis como escravos, a serem enviados à metrópole em troca de bois, ou para trabalharem nas minas de ouro a serem descobertas. Porque; desde o início, o ouro é sua grande paixão. Muito embora os tainos entregassem aos espanhóis todos os adereços de ouro que possuíam em troca de quinquilharias, isso não bastava. Em 1495, Colombo decidiu obrigar todos os maiores de 14 anos a entregar uma certa quantidade de ouro a cada três meses; quem não conseguisse teria as mãos amputadas a machado, para sangrar até morrer. Como se não bastasse, instituiu a escravidão disfarçada no sistema de encomendas, quando a autoridade colonial atribuía uns tantos índios a determinado colono (encomendero).

O salário, quando existia, era simbólico; os castigos, sempre brutais. A pena mais comum para as “faltas” dos índios era a amputação do nariz ou das orelhas; “em casos mais graves, eram decapitados ou destroçados por cães; ou, ainda, queimados vivos, treze de cada vez, em homenagem a Cristo e seus apostolos”. Freqüentemente aldeias inteiras eram dizimadas: a regra era matar 100 índios para cada espanhol morto. Quem deixou bem anotadas essas informações, e muitas outras, foi o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, que acompanhou de perto os primeiros anos da colonização. 

Autor de um monumental História das Índias, que só foi publicada no século XIX, Las Casas tornou-se célebre em seu próprio tempo por uma série de cartas e panfletos, um dos quais, a Brevíssima Relação da Destruição das Índias, é o classico no qual se baseiam os historiadores revisionistas. Segundo os cálculos de Las Casas, viviam na Ilha de Hispaniola, antes da descoberta, 3 milhões de nativos. É uma estimativa sujeita a violentas controvérsias: há quem fale em apenas 300 000, enquanto outros, como o americano Woodrow Borah, chegam a 7 ou 8 milhões. Num ponto todos concordam: em 1542, cinqüenta anos após a descoberta, restavam apenas algumas centenas.

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Em outras regiões não foi muito diferente. No México, 90% da população nativa desapareceu nos sessenta anos posteriores à chegada de Hernán Cortés, em 1519—eram 25 milhões em 1518, restaram pouco mais de 1 milhão em 1668. Nas três Américas, imagina-se que a descoberta tenha custado a vida de 60 a 100 milhões de nativos. Com base nesse holocausto, os revisionistas colocam uma pergunta que, há pouco anos, pareceria absurda: a descoberta da América valeu a pena? O historiador Kirkpatrick, na sua A conquista do Paraíso, traça um quadro lamentável da civilização no século XV, tanto na Espanha sob o terror da lnquisição, quanto no resto da Europa dilacerada pelas guerras, assolada pela fome e pela peste.Em contraposição, apresenta os nativos da América vivendo em doce harmonia com a natureza. 

Pode-se argumentar, é claro, que não era bem assina. as grandes nações do Novo Mundo, como os incas do Peru, também construiram seus vastos impérios subjugando os povos vizinhos. Os astecas, do México, não se tornaram notáveis pela suavidade dos seus costumes: na festa da coroação do imperador Ahuitzotl, em 1502, calcula-se que foram sacrificados 80 000 prisioneiros em Tenochtitlán. Os corações eram arrancados do peito, oferecidos ao Sol, e os membros devorados num banquete ritual. O que sobrava ia para os animais. E, finalmente, é preciso lembrar que a Europa do século XV não tinha apenas fome, peste e conquistadores bestiais. Em 1492, ano da descoberta do Novo Mundo, quando Colombo tinha41 anos, Botticelli tinha 47, Leonardo da Vinci 40, Machiavel, 23, Michelangelo, 17. Copérnico, 19, Rafael e Lutero, 9. As grandes navegações foram conseqüência de uma efervescência cultural, e sua influência sobre ela enorme. O legado de Colombo, mesmo descontando seu lado terrível, é mais variado do que pretendem os revisionistas.

 

 

 

 

 

Para saber mais:

Passagem para o futuro

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(SUPER número 2, ano 2)

 

 

 

 

Afinal, quem descobriu a América?

Sempre haverá alguém disposto a afirmar que outros navegadores chegaram à América antes de Colombo. Aqui estão algumas das teorias mais conhecidas a respeito:

 

 

Viquingues

As sagas escandinavas celebram as aventuras de dois navegadores, Bjarni Heljolfsson e Leif Ericsson, por volta do ano 1000. Segundo esses relatos, Heljolfsson avistou o Canadá, mas não chegou a desembarcar. Ericsson, que veio logo depois, estabeleceu uma colônia permanente num local batizado com o nome de Vinland. Em 1960, o arqueólogo norueguês Helge Ingstad, realizando escavações na Terra Nova, encontrou vestígios que poderiam ser da antiga colônia. Japoneses Fragmentos de cerâmica encontrados por um arqueólogo amador nas costas do Equador, em 1956, apresentam semelhanças marcantes com a cerâmica fabricada no sudoeste do Japão há 5 000 anos. Os especialistas encontraram vinte características coincidentes.

 

 

Judeus

Inscrições numa pedra encontrada num túmulo dos índios Cherokee, no Estado americano do Tennessee, são muito parecidas com as que figuravam nas moedas hebraicas do ano 100 de nossa era. No túmulo também foram encontrados braceletes de um tipo de latão fabricado unicamente naquela época. Supõe-se Leif Ericsson e seus viquingues, um dos muitos presumidos precursores que seriam vestígios deixados por judeus que chegaram à América fugindo da perseguição romana. Ninguém tem idéia do tipo de embarcação que teriam usado, nem a rota seguida.

 

 

Chineses

Documentos antigos apresentam como fato histórico a viagem do monge budista Hui-Shen até uma terra denominada Fusang, do outro lado do “Grande mar do Ocidente”. Hui-Shen teria chegado ao México no século V e permanecido na América durante quarenta anos. Há coincidências intrigantes entre artes e costumes de civilizações pré-colombianas e chinesas: o uso do jade, dragões alados como motivo decorativo, cerimônias mágicas para provocar chuvas, vasos de cerâmica com três pés etc.

 

 

Galeses

Um dos livros mais populares da Idade Média, A viagem do abade Saint Brendan, narra a descoberta de uma nova terra que, no entender de alguns pesquisadores, poderia ser a Flórida. Saint Brendan, monge do País de Gales, existiu, realmente, no século V e sabe-se que viajou muito. Se chegou ou não à América é outra história.

 

 

 

 

A lenda do ovo em pé

No decorrer de um jantar, depois da descoberta, alguns nobres invejosos teriam menosprezado a idéia de chegar à Índia pelo Ocidente,alegando que ela poderia ter ocorrido a qualquer um. Em resposta, Colombo desafiou-os a colocar um ovo duro, cozido, em pé; naturalmente, ninguém conseguiu. Ele próprio esmigalhou ligeiramente a base do ovo, conseguindo equilibrá-lo perfeitamente. E provou que as idéias só parecem óbvias depois que alguém as teve e confirmou. Apesar De muito repetido, o episódio, na verdade, nunca aconteceu; é uma velha anedota do folclore italiano, atribuída a diversos personagens ilustres e que já era bem velhinha no tempo de Colombo.

 

 

 

 

 

 

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