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Imagens esculpidas há 500 anos reaparecem no Havaí após recuo da maré

Painel de petróglifos com figuras humanas e símbolos ancestrais revela traços da cultura havaiana anterior à chegada dos europeus.

Por Luiza Lopes
6 ago 2025, 18h00

Uma rara janela para o passado do Havaí se abriu em julho. Marés baixas e ondas sazonais removeram camadas de areia da costa de Waiʻanae, na ilha de Oahu, revelando um extenso painel de petróglifos – imagens talhadas diretamente na pedra, usadas por povos antigos como forma de registro cultural e espiritual. 

As gravuras foram esculpidas em uma formação sedimentar compacta, semelhante ao arenito. Com pelo menos 500 anos de história, é a primeira vez que o conjunto aparece desde 2016.

O painel está localizado na faixa costeira em frente ao Pililaʻau Army Recreation Center, um centro de recreação militar. Estende-se por cerca de 35 metros e inclui 26 figuras individuais, sendo 18 delas formas humanas estilizadas – algumas com genitais masculinos visíveis, outras em poses dinâmicas. 

Uma das maiores figuras, com mais de 2,4 metros de altura, possui detalhes raros, como mãos e dedos. Especialistas sugerem que esses desenhos representam narrativas cerimoniais ou religiosas. Uma figura com os braços erguidos e abaixados, por exemplo, pode simbolizar o nascer e o pôr do sol.

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O ressurgimento dos petróglifos se deve a mudanças cíclicas nas condições costeiras entre maio e novembro, quando tempestades no Pacífico provocam a movimentação de areias e sedimentos. Com o tempo, essas gravuras voltarão a ser cobertas, desaparecendo sob a areia até que novos padrões climáticos as revelem novamente.

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As primeiras documentações completas do painel ocorreram em 2016, mas ele já havia sido avistado antes. Desde então, o Programa de Gestão de Recursos Culturais da Guarnição do Exército dos EUA no Havaí coordena a preservação do sítio, em conformidade com leis como o National Historic Preservation Act e o Native American Graves Protection and Repatriation Act.

A equipe, composta por arqueólogos, historiadores e especialistas culturais, monitora mais de 1.800 sítios arqueológicos nas ilhas e utiliza tecnologias como a fotogrametria 3D para documentação digital e visitas virtuais.

A orla é aberta ao público, mas o acesso ao centro militar adjacente requer identificação militar, o que tem gerado discussões sobre a acessibilidade ao patrimônio cultural havaiano. 

Segundo Laura Gilda, arqueóloga da guarnição, o Exército está tentando equilibrar a proteção das gravuras com o interesse crescente do público. “Quanta atenção você quer atrair para essa área? Você não quer que as pessoas saiam procurando por elas quando não estão expostas”, disse à Associated Press.

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Para Glen Kila, praticante cultural nativo havaiano e descendente direto de famílias aborígenes da região, os petróglifos são mensagens enviadas por ancestrais. Ele interpreta o ressurgimento como um aviso simbólico: “Isso está dizendo à comunidade que o nível do oceano está subindo”, disse ele à AP.

Aos 72 anos, Kila relembra a infância marcada por tensões com militares locais. Sua família trocou terras no interior por uma plantação de café para que a bisavó pudesse permanecer próxima à baía ancestral. Hoje, ele colabora com o Exército na proteção dos petróglifos.

A descoberta emocionou também moradores locais. Nani Peterson, residente da costa de Waiʻanae, viu as gravuras pela primeira vez em julho e descreveu a experiência como comovente: “Nossos kupuna [ancestrais] definitivamente ainda estão aqui”, disse ao Hawaii News Now. Ela observou uma figura grande com outra menor sobreposta, que lhe pareceu representar um pai e um filho.

Embora a datação exata ainda seja incerta, pesquisadores estimam que os petróglifos tenham entre 500 e 600 anos, possivelmente mais de 1.000 segundo tradições orais.

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Eles são considerados parte de uma das formas mais antigas de expressão artística da humanidade. Para os havaianos nativos, porém, são mais do que artefatos arqueológicos: são registros espirituais e ancestrais que reforçam sua conexão com a terra e a história.

“Ao proteger sítios culturais como esses petróglifos, honramos o legado do Havaí e fortalecemos os laços com a comunidade”, resumiu Dave Crowley, gerente do programa de recursos culturais da guarnição, em comunicado oficial do Exército.

 

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