No Jardim do Éden, Eva colhe uma maçã, tasca-lhe uma dentada e oferece a fruta a Adão, que também mete os dentes. É assim, segundo o livro do Gênesis, que o primeiro casal criado por Deus cai em pecado. Mas quem disse que o fruto proibido era uma maçã?
Não há uma única referência a essa fruta na Bíblia. A versão original do texto só se refere ao “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. “É uma citação genérica”, diz Jacyntho Brandão, professor de literatura grega da UFMG. “Na Bíblia, usa-se uma palavra genérica que indica ‘pomo’, sugerindo uma fruta com forma de maçã, mas que também poderia ser uma pera, um figo ou qualquer outra com esse formato”.
O mito da maçã, segundo Brandão, foi sendo criado aos poucos, possivelmente por obra dos diversos tradutores da Bíblia. “Ao passar o texto do grego para o latim, eles usaram o termo “pomum”, que acabaria sendo traduzido como maçã nas línguas modernas. Segundo o especialista em literatura grega, é provável que isso tenha acontecido porque maçã sempre foi umas das frutas mais comuns e apreciadas na Europa, “mas não necessariamente no Oriente Médio, onde foram compilados os textos originais que deram origem ao Antigo Testamento”, afirma Brandão.