O Dilúvio aconteceu?
Castigo divino ou catástrofe natural? Há indícios cada vez mais fortes de uma enchente terrível na região do Dilúvio bíblico.
Foi uma praga e tanto. Deus viu a terra cheia da violência dos homens e decidiu puni-los com uma chuva copiosa e torrencial. Choveu sem parar durante 40 dias e 40 noites e o mundo ficou inundado. As águas afogaram todos os humanos e animais, exceto aqueles que se refugiaram na arca de Noé. Depois que as águas baixaram, Noé desembarcou no Monte Ararat (na atual Turquia) e todos saíram da arca para se multiplicar novamente.
A história do Dilúvio está narrada na Bíblia em quatro capítulos do Gênesis. Mas será que ele aconteceu de fato? Aos olhos da ciência, provavelmente sim. Pelo menos é o que dizem William Ryan e Walter Pitman, dois oceanógrafos americanos da Universidade Columbia. Para eles, a partir da análise de fósseis e sedimentos marinhos, o dilúvio foi uma invasão colossal do Mar Negro pelas águas do Mediterrâneo. O fato teria ocorrido cerca de 7 500 anos atrás, como consequência do degelo das calotas polares do último período glacial (há cerca de 12 mil anos).
O gelo derretido elevou o nível dos oceanos e rompeu uma barreira natural que impedia a passagem da água do Mediterrâneo para o Mar Negro (que era de água doce). O nível deste subiu 15 centímetros por dia e, em três anos, ficou 150 metros mais profundo.
Nas tradições dos povos antigos, no entanto, existem inúmeras narrações de dilúvios causados por uma ofensa dos homens a uma divindade.
Dilúvios regionais
Os cientistas não acreditam que houve um único dilúvio universal, mas, sim, que muitos povos guardaram a lembrança de um dilúvio local e a repassaram num sentido mais amplo. A história bíblica da Arca de Noé, nesse caso, é somente a mais conhecida no mundo ocidental. Só que, para teólogos e historiadores, o dilúvio não passa de uma representação simbólica, sem ligação com nenhum evento histórico que possa ter ocorrido há milhares de anos.