Passagens secretas no Peru podem ter sido usadas para rituais alucinógenos há 3.000 anos
Câmaras e corredores foram descobertos sob o templo Chavín de Huántar. A substância DMT fazia parte dos rituais religiosos da população andina.
Arqueólogos encontraram uma série de passagens e salas escondidas que se estendem sob o antigo templo Chavín de Huántar, nos Andes peruanos. Os pesquisadores da Universidade de Stanford, que conduziram o estudo, acreditam que essas passagens tenham sido usadas em rituais religiosos, possivelmente com o uso de psicodélicos.
Segundo o arqueólogo John Rick, que liderou a pesquisa, foram encontrados diferentes cômodos, que parecem ter sido usados para fins distintos. As câmaras escuras e isoladas podem ter sido usadas para rituais de privação sensorial, enquanto salões maiores provavelmente abrigavam cerimônias de adoração. Algumas salas eram usadas para guardar os itens utilizados nos rituais religiosos.
O cômodo principal continha duas grandes tigelas de pedra, provavelmente usadas nos rituais. Uma delas possui um condor esculpido, uma ave típica da região dos Andes.
Essas tigelas provavelmente eram utilizadas para triturar sementes da árvore Anadenanthera colubrina. Essas sementes contém dimetiltriptamina, substância psicoativa mais conhecida como DMT. Este composto puro é classificado como uma droga do tipo A, junto com a cocaína e heroína.
Essas passagens foram construídas entre os anos 1.200 a.C. e 200 a.C. Já foram encontrados 35 “salões” e suas respectivas passagens de acesso ao longo dos últimos 15 anos de pesquisa. Os compartimentos mais recentes foram encontrados em 2019, e não haviam sido explorados até este ano.
Inicialmente, as passagens foram vasculhadas com a ajuda de um robô com uma câmera embutida. Foi só em maio de 2022 que as primeiras pessoas puderam entrar nos corredores pela primeira vez desde que foram fechados, 3.000 anos atrás.
O sítio arqueológico Chavín de Huántar fica localizado no centro do Peru. O norte e centro do território onde hoje é o país eram ocupadas pelo povo Chavín entre 3,2 mil e 2,2 mil anos atrás. Diversos templos religiosos estão pelo território peruano, mas Chavín de Huántar é o maior já encontrado.
Em entrevista à Live Science, o arqueólogo Richard Burger, da Universidade de Yale e que não esteve envolvido no estudo, disse que o povo Chavín costumava inalar substâncias alucinógenas para rituais religiosos.