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Pinturas pré-históricas podem ter sido as primeiras animações

Pesquisadores descobriram que lajes de calcário desenhadas ficavam ao lado de uma fogueira - uma tentativa primitiva de representar movimento

Por Leo Caparroz
Atualizado em 2 jan 2023, 19h41 - Publicado em 2 jan 2023, 19h32

Pesquisadores acreditam ter descoberto que uma série de gravuras pré-históricas, datadas de 15 mil anos atrás, eram expostas ao lado de uma fogueira – o que pode significar uma tentativa inicial de produzir animações.

Inicialmente, a equipe recuperou 54 plaquetaslajes planas de calcário do tamanho de um cartão postal – que estavam trancadas por décadas no acervo do Museu Britânico. As lajes foram escavadas pela primeira vez na década de 1860 em Montastruc, na França, e mostram a vida selvagem local.

Ao catalogar a aparência das plaquetas, os pesquisadores se depararam com algo curioso: elas tinham bordas rosadas. Segundo eles, essa mudança ocorre quando as impurezas de ferro presentes no calcário começam a oxidar. Porém, para atingir a cor rosada a temperatura em torno deveria estar em torno de 200°C, aproximadamente o calor sentido à beira do fogo a lenha – caso ela ultrapassasse muito esse valor, o material ficaria cinza.

Entre as possibilidades elencadas pelos arqueólogos estão a ocorrência de um incêndio onde elas estavam enterradas, uma espécie de reciclagem do material como pedras usadas para cozinhar ou, o considerado mais provável, que as gravuras tenham sido postas ao lado do fogo por uma questão cultural. Não só isso, o fogo também seria usado para fornecer um efeito de animação primitiva às imagens.

Para colocar sua hipótese à prova, os pesquisadores brincaram de artistas e confeccionaram suas próprias placas. Algumas foram enterradas sob fogueiras, outras viraram pedras para cozinhar e outras foram iluminadas pela luz de uma fogueira próxima. No final dos testes, o que mais se assemelhava aos artefatos do museu eram as réplicas de ao redor do fogo.

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A ideia da animação rudimentar lembra as descobertas na caverna de Chauvet, no sudeste da França. O local, de mais de 30 mil anos, tem paredes de calcário que abrigam as mais impressionantes pinturas rupestres de animais pré-históricos. Em muitas delas, os animais eram pintados uns em cima dos outros e com muitas pernas extras – o que sugere as primeiras tentativas artísticas de retratar o movimento. Além disso, essas paredes também apresentam os sinais de rubefação.

A equipe também usou modelos 3D para simular a experiência de observar aquelas imagens ao pé de uma lareira. Colocando os modelos das plaquetas à luz de um fogo virtual, os pesquisadores descreveram os resultados como “surpreendentemente vívidos”. “Deve ter sido uma experiência visceral muito poderosa, ver os animais pularem da rocha”, disse Andy Needham, principal autor do estudo.

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