Há 3 brasileiros entre os vencedores do Ig Nobel 2017
Gatos em estado líquido, a física do café na xícara e insetos das cavernas com pênis femininos: veja quem foi premiado pelo Nobel da ciência sem noção
O Ig Nobel, nas palavras de seu fundador Marc Abrahams, é concedido aos autores das melhores pesquisas que “fazem rir e depois pensar”. OK, talvez mais rir do que pensar. Entenda melhor a história do prêmio aqui.
40 jurados chegam aos dez vencedores em dez categorias – algumas fixas, como Medicina e Paz, e outras (bem) flexíveis. Se você pensa que os vencedores ficam encabulados, se enganou: o prêmio não é só tiração de sarro.
Às vezes ele faz uma crítica ácida – como na edição de 1991, quando a “estatueta” da Paz foi concedida ao inventor da bomba de hidrogênio, Edward Teller. Em outros momentos, ele prevê a ascenção de talentos. O russo (hoje com cidadania britânica) Andre Geim ganhou o Ig Nobel de Física em 2000 por fazer um sapo levitar com ímãs. E, como não brinca em serviço, levou o Nobel de verdade em 2010.
Mas chega de delongas. Saiu a lista de 2017 e ela tem três brasileiros (dois em nutrição e um em biologia). Vamos a ela:
Física
França, Singapura, EUA
Marc-Antoine Fardin, por usar a dinâmica dos fluidos para examinar a questão “pode um gato ser tanto sólido como líquido?” [sim, é isso ao pé da letra. No interior do estudo há fotos de gatos no interior de aquários ou jarras de vidro – e eles, à maneira da água, claramente assumem a forma do recipiente em que estão contidos].
O artigo científico.
Paz
Suíça, Canadá, Holanda, EUA
Milo Puhan, Alex Suarez, Christian Lo Cascio, Alfred Zahn, Markus Heitz e Otto Braendli, por demonstrar que tocar regularmente didgeriddo [um instrumento musical de sopro dos aborígenes australianos] é um tratamento eficiente para ronco e apneia obstrutiva do sono.
Economia
Austrália, EUA
Matthew Rockloff e Nancy Greer, por seus experimentos para descobrir como contato com um crocodilo vivo afeta o quanto uma pessoa está disposta a fazer uma aposta arriscada [spoiler da SUPER: a presença do crocodilo de fato te torna um apostador mais ousado].
Anatomia
EUA
James Heathcote, por seu estudo médico “Por que homens mais velhos têm orelhas grandes?” [Elas crescem 0,22 milímetros por ano!]
Biologia
Japão, Brasil, Suíça
Kazunori Yoshizawa, Rodrigo Ferreira, Yoshitaka Kamimura, and Charles Lienhard, por descobrir um pênis feminino e uma vagina masculina em um inseto que habita cavernas.
Dinâmica dos fluídos
Coreia do Sul, EUA
Jiwon Han, por estudar a dinâmica dos líquidos no interior de recipientes para entender o que acontece quando alguém anda para trás carregando uma xícara de café.
Nutrição
Brasil, Canadá, Espanha
Fernanda Ito, Enrico Bernard, e Rodrigo Torres, pelo primeiro registro científico de sangue humano na dieta de um morcego-vampiro de pernas peludas [detalhe: a espécie só costumava atacar pássaros, mas mudou sua dieta por causa de problemas ambientais].
Medicina
França, Reino Unido
Jean-Pierre Royet, David Meunier, Nicolas Torquet, Anne-Marie Mouly e Tao Jiang, por usarem a mais avançada tecnologia de escaneamento cerebral para descobrir até que ponto certas pessoas têm nojo de queijo, e quais são os mecanismos cerebrais que comandam essa aflição.
Cognição
Itália, Espanha, Reino Unido
Matteo Martini, Ilaria Bufalari, Maria Antonietta Stazi, e Salvatore Maria Aglioti, por demonstrarem que muitos gêmeos idênticos não conseguem se diferenciar um do outro visualmente.
Obstetrícia
Espanha
Marisa López-Teijón, Álex García-Faura, Alberto Prats-Galino, e Luis Pallarés Aniorte, por demonstrarem que um feto humano em desenvolvimento responde com mais intensidade à música que é tocada de forma eletromecânica no interior da vagina da mãe que à música que é tocada de forma eletromecânica na barriga da mãe.
O artigo científico (e um detalhe: você pode adquirir um produto baseado na pesquisa, o BabyPod – um iPod para fetos, que se beneficia do que há de mais avançado em música vaginal).