Peixe extinto na Nova Zelândia: Por que sumiu?
Única espécie de peixe extinta na Nova Zelândia em dois séculos, o upokororo parece ter sido mais uma vítima da interferência humana no ecossistema
Maurício Oliveira
A extinção dessa espécie, chamada de upokororo na lígua maori e conhecida também como grayling-da-nova-zelândia, é uma demonstração de como a presença humana pode atrapalhar ecossistemas em equilíbrio. Até meados do século 19, o upokororo – um ótimo nadador que atingia 25 centímetros de comprimento – era encontrado em abundância nos rios de correnteza forte e águas frias de várias partes da Nova Zelândia, especialmente perto do mar. Na virada do século, a espécie já era considerada rara. No início dos anos 30, um último peixe foi encontrado e levado para o Museu Britânico, em Londres. Hoje, o upokororo só existe nos desenhos e pinturas.
O início do processo de extinção do upokororo coincidiu com o aumento do fluxo de europeus para a Nova Zelândia. A partir da segunda metade do século 19, os colonizadores britânicos fundaram cidades e começaram a usar as terras para a agricultura. A destruição das florestas ao redor dos mananciais de água doce e o conseqüente aumento da incidência de raios solares nos rios pode ter elevado a temperatura da água, tornando-a agressiva para a espécie. A introdução de peixes “estrangeiros”, como a truta, pode ter levado doenças desconhecidas aos upokororos.
A espécie tinha a interessante característica de viver parte da vida no mar. Os ovos eram depositados nos rios e os peixes iam passar a “infância” em águas salgadas. Depois de adultos, voltavam para os rios. Sua extinção tornou-se simbólica. Sempre que os neozelandeses querem alertar para a necessidade de proteger o meio ambiente, o caso vem à tona. Embora haja outras quatro espécies sob séria ameaça, trata-se ainda do único caso de extinção registrado entre os peixes da Nova Zelândia nos últimos 200 anos. 5
Upokororo
Nome científico: Prototroctes oxyrhynchus
Ano da extinção: cerca de 1930
Habitat: Nova Zelândia