9 comidas da sua cozinha que não são o que parecem
A legislação brasileira é bem permissiva com alguns produtos que dizem ser uma coisa, mas são outra
1) Shoyu
Em abril de 2018, viralizou na internet uma pesquisa realizada pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ambos da Universidade de São Paulo (USP). Ela demonstrou que muitas fabricantes brasileiras trocam a soja pelo milho na hora de produzir o molho. Foram 70 marcas analisadas. Descobriu-se que as amostras continham moléculas de açúcar com quatro carbonos, o que é uma marca do milho – se fosse soja, as moléculas de açúcar teriam três carbonos. Segundo o estudo, as amostras analisadas tinham menos de 20% de soja em sua composição
2) Iogurte
Há confusão entre bebida láctea, iogurte e leite fermentado. Se levar muito açúcar, estabilizantes, corantes e outras substâncias lácteas, não é iogurte. Iogurte tem base láctea de no mínimo 70% e resulta de fermentação com tipos específicos de bactérias. “Quanto menos ingredientes extras houver, mais autêntico ele é”, explica a nutróloga Tamara Mazaracki
3) Suco de fruta
–Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) analisou mais de 30 marcas e verificou que pelo menos dez não tinham a quantidade de fruta exigida por lei. Há diferença entre suco e néctar: suco só pode conter fruta, água e a porcentagem de açúcar definida para o tipo de fruta. Néctar pode receber corantes, mais água e mais açúcar
4) Água mineral
“Águas minerais são registradas e têm procedência. O consumidor tem de ficar de olho em minas de que nunca ouviu falar, marcas novas ou águas compradas fora do comércio regular. Tem muita gente de má-fé que enche garrafas e galões de uma água qualquer e envasa”, explica José Luiz Negrão Mucci, professor de saúde ambiental da USP
5) Azeite
O óleo de oliva degrada com o tempo. Mas a Instrução Normativa do Brasil, assim como a europeia, não obriga a informar a data de prensagem das azeitonas, e sim a do envasamento, com validade de 18 a 36 meses. A fraude mais comum é misturar azeite com outros óleos vegetais – incluindo azeites impróprios para consumo humano
6) Pão integral
Se na relação de ingredientes o primeiro item for “farinha de trigo” (“refinada” ou “enriquecida”), esse pão foi feito com mais farinha comum do que integral. Até hoje, o órgão responsável pela fiscalização de alimentos no Brasil, a Anvisa, não determinou quanto de farinha integral é necessário para que o pão receba o título de integral
7) Mel
O produto é turbinado com açúcar, fragrâncias, glucose e a traiçoeira frutose de milho. “Essa substância, comum em mel adulterado, não é detectada nem em laboratório”, conta o biólogo Osmar Malaspina, da Unesp. “Só testes sofisticados de carbono identificam a adulteração, e pouquíssimos institutos no Brasil fazem essa análise”, ressalta Osmar
8) Salmão
Todo salmão consumido no Brasil vem do Chile e poucos são fruto de pesca em alto-mar. A truta foi a alternativa da indústria de pesca do Chile para contornar a escassez de salmão selvagem. Ela também é da família dos salmonídeos. Há quem diga que as trutas salmonadas – tratadas como salmão, recebendo a mesma ração – são até mais saudáveis, por terem mais ômega 3, um ácido graxo essencial.
Aquele laranja da carne do salmão de cativeiro é artificial. Só é obtido porque eles comem astaxantina junto com a ração. Na natureza, a substância ocorre em algas da dieta do camarão, que, por sua vez, é consumido pelo salmão selvagem. No confinamento, a astaxantina vem de forma sintética. Estudos sugerem que ela faça mal à saúde por ser derivada do petróleo.
Se você quiser comer salmão natural, vindo de rios e mares em vez do cativeiro, aposte no produto em lata. É que o salmão de criadouro não suporta o enlatamento e se deteriora rápido. Por isso, a versão enlatada, em geral, é selvagem, especialmente se vem do Alasca e da Europa.
9) Atum
A família de atuns contempla espécies mais e menos nobres, entre eles o bonito (Katsuwonus pelamis), primo bem, bem distante do albacora-azul (Thunnus thynnus), raro e valioso. Quase nunca o atum verdadeiro é pescado no Brasil. Por isso, os órgãos públicos permitem que o enlatado seja rotulado como atum, embora seja bonito, abundante em nossa costa. Isso mesmo, seu “atum” na verdade pode ser bonito.