É um trabalho metódico, que pouco tem a ver com as aventuras de Indiana Jones e de outros arqueólogos do cinema. Para começar, o terreno escolhido é mapeado por um topógrafo, para que se tenham as medidas tridimensionais (largura, comprimento e altura) exatas do local. Isso é importante para que os pesquisadores saibam, por exemplo, quais peças surgiram na mesma profundidade, mesmo que tenham sido extraídas de trechos do sítio com relevo desigual. Feita a topografia, são escavadas trincheiras ao redor do terreno. O tipo de vestígio encontrado nelas – ossos, pedaços de objetos, partes de alguma edificação antiga etc. – indica qual área merecerá uma escavação detalhada. Para isso, a parte escolhida é repartida em quadras – como uma gigantesca folha de batalha naval. Depois dessa divisão, cada um dos arqueólogos fica encarregado de um pedaço – e começa a cuidadosa retirada do solo. “O sítio pode ser escavado em várias frentes.
Um arqueólogo cuida, por exemplo, de quatro quadras; outro, de uma trincheira mais afastada”, diz o arqueólogo Levy Figuti, da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, o grupo costuma incluir especialistas em determinadas áreas. No caso de uma aldeia pré-histórica, a equipe contaria necessariamente com profissionais especializados em artefatos de pedra lascada, cerâmica, ossos animais e humanos. Seja como for, todos põem a mão na massa: cavam, limpam, carregam baldes de terra… Por fim, tudo o que for encontrado de arqueologicamente interessante é registrado e especialmente embalado. Esses achados – itens como pedras trabalhadas, pedaços de ornamentos, conchas usadas em rituais, pontas de flecha ou ossos que sobraram de algum almoço, entre outros – vão para um laboratório. Quando não sobra mais nada para escavar, o sítio costuma ser coberto de novo com terra .
“Se possível, cobrimos os buracos com lona e colocamos terra por cima. Assim, se futuros arqueólogos, um dia, chegarem até lá, saberão que o terreno já foi escavado”, afirma Levy.
Trabalho de equipe Terreno demarcado é dividido entre o grupo de estudiosos
Os sítios são demarcados, em geral, em quadras com 1 metro quadrado. Elas servem para marcar um endereço preciso para cada peça encontrada na escavação. Cada membro da equipe cuida de uma área, que pode conter uma ou mais quadras
A retirada da parte mais superficial do solo é feita com pás e colheres de pedreiro, até que comecem a surgir os primeiros vestígios arqueológicos
Os barbantes servem para os arqueólogos visualizarem os limites de cada quadra
A peneira serve para buscar miudezas como dentes e lascas de objetos, que se misturam à terra já escavada
Pincéis delicados são utilizados para a limpeza fina de fragmentos de ossos e outros objetos frágeis
O coordenador do grupo escolhe o lugar a ser escavado, escala quem vai escavar o quê, determina a profundidade das quadras e documenta tudo o que é encontrado
Os fragmentos são fotografados e desenhados em seus lugares de origem, para que os arqueólogos tenham um panorama exato de como era o local na época estudada
Amostras de pólen também são retiradas do solo. Esses grãos subterrâneos revelam como era o clima na época pesquisada e mostram como o homem interferiu na natureza do local
As peças escavadas são documentadas uma a uma. Depois, seguem para o laboratório acompanhadas de etiquetas que informam a quadra e a profundidade onde foram encontradas
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