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Como era uma balada nos anos 70?

Relembre a música, as bebidas, a moda e o comportamento da década de 70

Por Katia Abreu
Atualizado em 17 jul 2018, 19h03 - Publicado em 27 Maio 2013, 14h41

BALADAS
Década: 60 | 70 | 80 | 90 | 2000

Na década da disco music, as casas noturnas começavam a apresentar algumas características típicas de uma balada até hoje, como o forte show de luzes dando destaque à pista e a presença do DJ comandando o som. Mas o que marcou o período foi a mentalidade do público.

O hedonismo (a busca pelo prazer) era a arma dos jovens contra a caretice e a repressão do regime militar. Sexo, drogas e disco e soul music embalavam as noites. Nas boates mais populares, jovens de todas as classes sociais, negros e brancos, gays e héteros se reuniam para dançar como se não houvesse amanhã.

Como era uma balada nos anos 70?
(Jhonata Alves/Mundo Estranho)

Para beber com estilo

A cuba libre, sucesso nos anos 60, ainda era a bebida preferida de muita gente. Disputava espaço nos balcões com uísque, vodca e cerveja. Os mais refinados apostavam no dry martíni, famoso graças ao espião 007: três doses de gim, um pouco de vermute e gelo, batido na coqueteleira e decorado com a clássica azeitona no palito.

Um show à parte

Extravasar era a palavra-chave: a galera usava muita cor, brilho e materiais sintéticos. O lurex (um tecido com fios metálicos) aparecia em blusas, macacões e vestidos. No look das garotas, maquiagem forte, meia arrastão e plataformas altíssimas eram essenciais. Elas se inspiravam na novela Dancing Days, enquanto os garotos copiavam Os Embalos de Sábado à Noite.

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Solta o som!

A pista se consagrava como a grande atração. Não podia parar jamais! Por causa disso, essa época vê surgir a figura do DJ (abreviação de “disc jockey”), que comandava o som. Ele tinha área de destaque no salão e interagia com o público. O uso de dois toca-discos foi uma grande revolução, mas poucos avançaram nas mixagens próprias.

Os donos da noite

A exigência de infraestrutura forçou a profissionalização do ramo. Baladas começaram a virar grandes negócios e consagravam os “reis da noite” – empresários como Ricardo Amaral, dono da Hippopotamus (no Rio) e da Papagaio (no Rio e em Sampa). Outras casas que marcaram a época foram a paulistana Banana Power e a fluminense Dancin’ Days Discotheque, que até virou nome de novela.

Só o pó

Ainda rolavam drogas psicodélicas, como maconha e LSD, herdadas da onda hippie. Mas a noite tinha uma nova musa: a cocaína, que mantinha a galera fervendo na pista. Drogar-se não era mais um ato de contestação, como na década anterior. O pó era uma droga cara e virou simplesmente mais um bem de consumo associado a glamour e status.

Liberdade sexual

Se, nos anos 60, ainda reinava o pudor, na década seguinte todos queriam curtir. Beijar já não exigia tanta intimidade. A dança servia para aproximar os casais, que depois procuravam cantos escuros para uns amassos mais quentes. Alguns esticavam a noite em um lugar mais reservado. Os ousados já partiam para os “finalmentes” no banheiro da boate.

CURIOSIDADES

O globo espelhado, os neons e a luz estroboscópica ajudavam a deixar o ambiente mais frenético;
As discotecas cobravam a entrada e algumas já exigiam a famigerada “consumação mínima”;
A falta de mesas e assentos era proposital: forçava as pessoas a circular ou se concentrar na pista de dança;
Quem podia ostentava uma invejável cabeleira black power, um sinal de orgulho racial, vindo da luta pelos direitos civis no fim dos anos 60.

TOP 5 DAS PISTAS

“Dancin’ Days”, As Frenéticas
“Stayin’ Alive”, Bee Gees
“I Will Survive”, Gloria Gaynor
“That’s the Way (I Like It)”, KC and the Sunshine Band
“Sossego”, Tim Maia

FONTES Livros Todo DJ Já Sambou, de Claudia Assef, Noites Tropicais, de Nelson Motta, Almanaque Anos 70, de Ana Maria Bahiana, e Culturas da Rebeldia: A Juventude em Questão, de Paulo Sérgio do Carmo

CONSULTORIA Leiloca, cantora do grupo Frenéticas, e Rafael Rodrigues, bar consultant

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