É aquele barulho insuportavelmente agudo que costuma ser produzido quando um microfone ligado fica muito próximo da caixa de som. À primeira vista, parece que basta a presença do microfone para causar a interferência – mas não é bem assim. Qualquer ruído que entra pelo microfone ganha corpo nos amplificadores e sai mais alto pelas caixas de som. Se o microfone estiver perto demais dos alto-falantes, acaba captando o próprio ruído que sai deles – que, por sua vez, retorna ao amplificador, sai de novo pelas caixas e volta a alimentar o microfone, criando um círculo vicioso. “Isso provoca uma reação em cadeia, na qual o som é amplificado sem parar. O resultado é a microfonia”, diz o físico Cláudio Furukawa, da USP. Como todo o processo acontece em milésimos de segundo, o ruído agudo que ouvimos imediatamente já é resultado de inúmeras voltas que o som deu nesse ciclo.
– Como é feito a gravação de uma música?
Mas também não é necessário que o microfone esteja próximo das caixas para produzir o fenômeno, se houver muitos deles ligados em um único ambiente. Além disso, instrumentos musicais amplificados também podem causar microfonia. A diferença é que numa guitarra elétrica, por exemplo, os sensores que captam o som das cordas substituem o microfone. Apesar de normalmente odiada pelos músicos, a microfonia também pode ser incorporada intencionalmente à música. O primeiro a fazer isso foi provavelmente o guitarrista americano Jimi Hendrix (1942-1970) – mas as novas gerações talvez estejam mais familiarizadas com os ataques de microfonia que Kurt Cobain (1967-1994), líder do Nirvana, gostava de tirar de sua guitarra nos shows da banda.