Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Por que os ruivos foram perseguidos ao longo da história?

Embora a associação do cabelo vermelho à ideia de perigo tenha ocorrido já no Egito antigo, a coisa ficou feia entre a Baixa Idade Média e o século 17

Por Daniela Fescina
Atualizado em 7 mar 2024, 10h56 - Publicado em 15 jul 2014, 15h42

perseguicao-ruivos

ILUSTRAS João Pirolla

Em geral, por preconceito ou implicância. Embora a associação do cabelo vermelho à ideia de perigo tenha ocorrido já no Egito antigo, a coisa ficou feia entre a Baixa Idade Média (a partir do século 11) e o século 17. Nessa época, a retratação de Judas como ruivo em pinturas ajudou a espalhar o preconceito. Além disso, a partir do século 15, mulheres com “cabelos de fogo” passaram a ser caçadas pela Inquisição e o preconceito virou terror. Outra possível razão para a perseguição é a raridade: estima-se que entre apenas 1 e 2% da população mundial seja ruiva (o “gene ruivo”, chamado de melanocortina-1, tem cinco variações, mas é raro por ser recessivo). A maioria deles se concentra na Europa, principalmente na Escócia, onde são 13% da população.

INVASÃO VERMELHA

Relembre os principais casos de discriminação contra os sardentos

Seth

DIVINA DESGRAÇA

Seth, deus do Egito antigo, não era originalmente maligno: ele passou a ser retratado assim após a invasão de povos como os persas. Foi então associado ao deserto vermelho, às tempestades e à destruição – coisas que os egípcios temiam. Por consequência, homens ruivos como ele passaram a ser odiados e sacrificados – muitos morreram como oferenda na Tumba de Osíris.O preconceito contra ruivos no Egito era tanto que eles eram complexados a ponto de ter vergonha de puxar conversa com os outros

vampiros

Continua após a publicidade

(NÃO OUÇA) O QUE A RAPOSA DIZ

Os gregos achavam que um monte de gente podia virar vampiro: suicidas, excomungados, pessoas que comiam a carne de uma ovelha morta por um lobo e, claro, ruivos. Por isso, o cabelo nesse tom era visto com desconfiança. O filósofo Aristóteles chegou a dizer que, enquanto loiros eram bravos como os leões, ruivos eram de mau caráter como as raposas

fogueira

MANDA PRA FOGUEIRA!

Durante a Inquisição, nos séculos 15, 16 e 17, as ruivas passaram um mau bocado. A cor, associada ao mal, levou a Igreja Católica a persegui-las e condená-las como bruxas. Muitas foram à fogueira. Também acreditava-se que a gordura dos ruivos era um ingrediente potente para fazer veneno – prática citada em peças como The Witch, de Thomas Middleton

Judas

TEMPERAMENTAIS E TRAIDORES

Na Idade Média, o poema Ruodlieb, que tem autor desconhecido e surgiu por volta do ano 1000, dizia: “Não se deve confiar em nenhum ruivo, pois eles são pessoas más e donas de um péssimo temperamento”. Foi uma época de forte discriminação: a partir de 1300, obras de arte começaram a retratar Judas Iscariotes como ruivo, e o diabo com cabelos vermelhos e pontudos. Mas vale dizer: alguns historiadores defendem que a ideia de retratar Judas ruivo, originalmente, era apenas para dar destaque a ele nas pinturas

Continua após a publicidade

Lilith

A ORIGEM DO MAL

Lilith é uma deusa presente em várias crenças: para os sumérios e mesopotâmios, por exemplo, representava a fertilidade. Na mitologia judaico-cristã, porém, ela perde esse caráter divino, tornando-se um súcubo, espécie de demônio, e passa a ser retratada ruiva. Segundo a Cabala, Lilith é a serpente que ofereceu a Adão a maçã do pecado.Além de Lilith e Judas, outras figuras bíblicas retratadas como ruivas foram Caim (que matou o irmão Abel) e Maria Madalena

india

ASSIM FICA DIFÍCIL

Na Índia, entre 1500 e 500 a.C., os homens eram estritamente proibidos de casar com mulheres ruivas. Não era a única restrição: também estavam vetadas moças com membros deformados, as que falavam muito, as que tinham “olhos inflamados” e as que possuíam nomes de constelações, rios, nações bárbaras, criaturas aladas ou qualquer outra coisa que suscitasse uma “imagem de terror”

romanos-ruivos

Continua após a publicidade

COR DA CRIADAGEM

Depois que os romanos invadiram e conquistaram os citas, um antigo povo da Trácia, passaram a considerar os trácios como escravos. Como estes eram ruivos, o cabelo vermelho virou uma característica inferiorizada, coisa de gente preguiçosa. Atores romanos usavam peruca nesse tom para interpretá-los em peças e representar sua servidão

Elizabeth I

RAINHA REDENTORA

Até Shakespeare falou mal: na peça Como Gostais, o ruivo é apontado como a “cor da dissimulação” e do cabelo de Judas. Mas foi nessa época que, após séculos associado ao mal, o vermelho conseguiu finalmente melhorar sua imagem. No século 17, a ruivíssima rainha Elizabeth I assumiu o trono inglês e ganhou a simpatia do povo – seus longos cabelos avermelhados viraram moda

TdF sugeriu – Gustavo Birolini

FONTES Livros Encyclopedia of Hair: A Cultural History, de Victoria Sherrow, The Invention of Greek Ethnography: From Homer to Herodotu, de Joseph E. Skinner, Racism: A Global Reader, vários autores, Encyclopedia of Superstitions, Folklore, and the Occult Sciences of the World, de Cora Linn Daniels e C. M. Stevans, Gods and Myths of Ancient Egypt, de Robert A. Armour, Dracula in the Dark: The Dracula Film Adaptations, de James Craig Holte, The History of India from the Earliest Ages, de James Talboys Wheeler, Lucifer: The Devil in the Middle Ages, de Jeffrey Burton Russell, e sites The Independent e Everything for Redheads

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.